terça-feira, 29 de julho de 2008
O Evangelho da Graça e a Graça do Evangelho
Nesses últimos dias tenho pensado bastante sobre essa questão da graça. Mais propriamente na questão do "Evangelho da Graça" e de como o mesmo tem sido visto, entendido, ensinado e acima de tudo vivido hoje.
Primeiro, tenho percebido que, de modo sutil, tem havido uma segregação entre o que a Bíblia nos apresenta sobre a graça. Por um lado, olha-se e enfatiza-se a realidade da graça como ação salvadora de Deus e, a partir dai, é dada a ênfase de que nós seres humanos não podemos fazer nada em favor de nossa salvação. Assim, o Evangelho da "graça" é a boa notícia de que Deus nos ama, como somos e que ele quer se relacionar conosco e veio ao nosso encontro através da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por outro lado, esquece-se de que essa graça que nos é estendida em Cristo Jesus para a nossa salvação, levá-nos para uma nova dimensão de vida. Um novo conjunto de valores e uma nova agenda de compromissos.
Aqui é que está o problema, ou a segregação. Somos rápidos para aceitar o fato de que a graça de Deus nos é oferecida para a nossa salvação, mas não temos levado em consideração que essa "salvação" implica em passar a viver nossa vida comprometidos com um novo Reino (governo) que tem suas novas regras (dinâmica de vida) que devemos observar e desejar.
Em uma linguagem mais clássica ou teológica o que estou colocando aqui seria chamado de redenção e santificação. Somos abertos para reconhecer a necessidade de nossa redenção, mas lerdos para reconhecer que essa redenção implica em nos conduzir a uma vida de santificação. O engraçado é que, na prática, o que tenho percebido é que a mensagem da graça, que precisamos enfatizar é para atrair pecadores, que estão mortos em seus delitos e pecados, mas a mesma tem sido usada por cristãos, pessoas que, em tese, já foram redimidas de seus delitos e pecados, para justificar uma vida marcada por valores do presente século.
Talvez essa tendência deva-se ao fato de que por muito tempo pessoas que nasceram e cresceram dentro do universo religioso (igreja) tenham se sentido como escravas e cheias de medo e agiam de maneira diferenciada não por convicção ou compromisso, mas por receio de serem lançadas no "fogo do inferno".
O problema nisso é que as pessoas que tem um contato com o Evangelho da Graça e que são atraídas pela mensagem de perdão e amor de Deus e que vem fazer parte de uma comunidade cristã, deveriam encontrar um ambiente marcado pela "graça do Evangelho", mas o que encontram é um grupo de pessoas, que se chamam cristãos, mas que assumem posturas "sem-graça", como as mesmas posturas que essas pessoas novas na fé viam e viviam em suas vidas antes de se renderem ao Evangelho da graça.
Uma segunda percepção referente a graça é que a idéia que se tem da mesma é que ela se refere a questões negativas e não positivas de nossa vida. Ou seja, se uma pessoa errar ou pecar, então, ela considera-se carente e necessitada da graça de Deus. Mas, não se enfatiza o fato de que a graça é a operação de Deus para nos manter de pé, firmes e animados na caminhada do discipulado cristão.
O texto de Tito 2.11-13, nos apresenta a operação da graça nos três tempos relacionados a redenção: passado, presente e futuro. Quanto ao passado o texto diz que a graça se "manifestou salvadora a todos os homens", ou seja, a salvação em Cristo Jesus é oferecida como a mensagem de reconciliação de Deus a toda a humanidade. No presente, "ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosamente nesta era presente"; ou seja, a graça opera em minha vida para que eu possa ter uma nova postura no mundo hoje.
A questão é que olhamos muito para o conceito "graça" referente ao que necessitamos se falhamos, mas não nos damos conta de que é ela quem opera em nosso favor para que vivamos em novidade de vida. Paulo diz que a graça nos educa para uma nova maneira de viver aqui e agora. Isso tem a ver com a consciência de que já somos cidadãos de um novo Reino, que tem novos padrões e que nos alegramos em viver a partir desses novos padrões.
Referente ao futuro a graça nos anima a aguardar a vinda plena do nosso Rei que trará a plenitude desse Reino em que já estamos vivendo de modo significativo.
Uma terceira percepção é quanto ao equivoco de que se estamos a mercê da graça, então, não temos nada a fazer. Dallas Willard tem enfatizado que a graça é contrária ao mérito e não ao esforço. A relação e dinâmica da graça em nossa vida implica em posturas e decisões que vamos tomar referentes ao nosso crescimento a estatura de Jesus Cristo.
Se queremos levar a sério o que Deus tem feito em nossa vida, em Cristo, então, precisamos considerar a responsabilidade que temos de responder as interações da graça de Deus em nossa vida. Isso não tem nada a ver com trabalharmos pela nossa salvação, no sentido de achar que somos nós os responsáveis por ela, e sim com o reconhecimento de que se Deus tem operado, precisamos nos unir a ele naquilo que ele tem feito em nossa vida.
Minha conclusão, tanto a nível de observação, quanto a nível de experiência pessoal, é que a maneira equivocada que temos entendido o Evangelho da Graça nos leva a viver de modo distorcido a graça do Evangelho. O resultado disso é que temos igrejas que estão crescendo, vemos um aumento de frequentadores em nossos cultos e reuniões, mas vemos pouca mudança de atitude e postura frente aos acontecimentos do nosso dia a dia.
Que Deus nos dê mediante o Evangelho da Graça a graça de viver o Evangelho!
Ricardo Costa
quarta-feira, 9 de julho de 2008
A Lei da Delegação do Poder: Deus nos dá tudo o que necessitamos em uma semeadura.
A Segunda Carta de Pedro enfatiza como Deus delega poder a seu povo. Como todos os bons líderes, Deus nos equipa como todos os recursos de que necessitamos para fazermos aquilo que ele nos chamou a fazer. Pedro nos fala que Deus garante que teremos "todas as coisas que conduzem a vida e à piedade"(2Pedro 1.3). O poder de Deus nos garante que teremos sua natureza divina ao permanecermos firmes em suas promessas (2Pedro 1.4). Nós estaremos cooperando com ele quando buscarmos nosso aperfeiçoamento pessoal. Nós exercitaremos a natureza divina em nós ao sermos diligentes na busca da santidade. Nós iremos acrescentar virtudes à nossa fé, depois o conhecimento, auto controle, perseverança, santidade, a bondade entre irmãos e, finalmente, o amor. Depois que nós tivermos passado por toda essa seqüência do desenvolvimento do caráter, nós teremos a natureza divina amadurecida em nós (2Pedro 1.2-8).
Jesus disse que o processo de amadurecimento em nós se assemelha a uma semente (Mateus 13.31-32). A semente é plantada e, embora tudo esteja ali, ela é muito pequena. À medida que cresce, ela se torna mais visível e útil. As sementes são completas, mas não estão desenvolvidas.
Nesse mesmo sentido, Deus tem lançado a todos nós neste mundo como sementes, mas esse investimento precisa de tempo e crescimento para que se torne visível aos outros.
John Maxwell
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