O que quero compartilhar com vocês tem a ver com a realidade de que o Evangelho muda nossa vida em uma perspectiva global.
Quando Deus nos criou ele nos fez para encontrarmos nele toda a satisfação para nossa vida. Contudo, a Queda fez com que nossa relação com Deus se perdesse, e passamos a buscar satisfação na criação no lugar do Criador. O problema que muitas vezes enfrentamos é esse de achar que vamos conseguir a satisfação, a felicidade, o sentido de nossa vida em coisas ou em pessoas que não seja Deus.
Diante desta busca e demanda presente no coração da humanidade, muitos oferecem a solução naquilo que todos estão buscando. No contexto do Evangelho, muitos oferecem o que é chamado de “Evangelho da Prosperidade”.
Esse “evangelho” apresenta o conceito de que Deus quer nossa prosperidade, e devemos buscá-lo para que ele nos proporcione a prosperidade em nossa vida, pois ele quer o nosso bem, e deseja que tenhamos tudo o que queremos.
Ora, esse não é o Evangelho, mas um outro evangelho. Isso porque, Deus quer sim a prosperidade para nossa vida, mas não por esses motivos. Quando buscamos Deus pela razão da prosperidade financeira, material e profissional, fazemos dela nosso alvo e não nosso relacionamento com Deus.
Isso gera em nós uma postura de egoísmo e de ganância, pois sempre queremos mais do que já temos. Gera também uma postura de ingratidão e descontentamento, pois sempre estamos achando que alguém tem mais do que nós e que também devemos ter o que o outro tem.
Isso é completamente contrastante com o Evangelho. Se nossa vida foi impactada por Deus através de Jesus Cristo, então, nosso coração e mente são mudados e passamos a ter uma nova postura em relação a nossa vida, ao próximo e a como investimos nossos recursos.
Quero chamar essa nova postura de o “Evangelho da Generosidade”. Sim, porque a prosperidade não é a busca de nossa vida, mas nosso relacionamento com Deus, e quando nos relacionamos com Deus nos tornamos pessoas mais generosas e conseqüentemente mais prosperas, como resultado e não como fim.
Vamos olhar o texto de 2Coríntios 8.1-15 para conhecermos como se desdobra o poder do Evangelho em nossa vida fazendo com que nos tornemos pessoas mais generosas.
O EVANGELHO DA GENEROSIDADE É FRUTO DA GRAÇA DE DEUS.
“Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade.”(v,1-2)
“Assim, recomendamos a Tito que, assim como ele já havia começado, também completasse esse ato de graça da parte de vocês.” (v.6)
Conforme o ensino da Palavra de Deus a contribuição que é gerada pelo Evangelho é motivada pelo nosso reconhecimento da graça de Deus em nossa vida.
Primeiramente, o reconhecimento do próprio Evangelho, do próprio fato de sabermos que não tínhamos nada, de que estávamos mortos em nossos pecados, afundados no nosso egoísmo, destinados a uma eternidade sem paz, sem vida, longe de Deus, por merecermos isso, pois nossa justiça não é suficiente para nos validar diante de Deus.
Então, tomamos consciência de que Deus olhou para nós com sua compaixão e amor, e nos estendeu sua graça através de seu Filho Jesus Cristo. Deus pegou nossa injustiça e a depositou sobre seu Filho Jesus Cristo na cruz, para que pudéssemos ser perdoados e termos acesso de novo a um relacionamento de amor e paz com Deus. Ele fez isso devido a sua imensa graça!
“Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” (v.9)
Quando realmente conhecemos isso nosso coração se enche de alegria com a salvação e essa se desdobra em rica generosidade.
Enquanto nossa sociedade precisa sempre de um beneficio de um porque, de uma motivação retornável e rentável para o investimento em algo, quem realmente entendeu e acolheu o Evangelho, não precisa de nenhuma outra motivação para contribuir generosamente para o avanço deste Evangelho e a vivência dos valores do Reino de Deus, a não ser do próprio fato de que a graça de Deus nos alcançou e queremos vê-la alcançando outras pessoas.
No Reino de Deus a contribuição não tem a ver conosco tem a ver com o outro. Nós não contribuímos porque queremos mais para nós, nós contribuímos porque queremos que mais pessoas conheçam o amor de Deus revelado em Jesus Cristo, porque queremos viver nos valores da generosidade do Reino de Deus. Porque Deus nos manda fazer isso.
“Pois dou testemunho de que eles deram tudo quando podiam e até além do que podiam. Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos.” (v.3-4)
Todos nós sabemos que vivemos em um tempo onde temos muitas demandas. Nossa sociedade nos envolve com muitas seduções e também há muitas exigências que extrapolam o nosso controle pessoal, como por exemplo, a importância de pagarmos nossos impostos, contudo, a Palavra de Deus nos ensina o princípio do sacrifício e não do sobejamento. Ou seja, conforme o ensino das Escrituras nós não contribuímos daquilo que vemos sobrar conosco, mas do que determinamos em nosso coração em obediência a Deus.
Este ensino é complementado aqui pela orientação de que devemos ser fieis e constantes em nossas contribuições, mas que também precisamos fazê-la dentro de nossa própria realidade.
“Este é meu conselho: convém que vocês contribuam, já que desde o ano passado vocês foram os primeiros, não somente a contribuir, mas também a propor esse plano. Agora, completem a obra, para que a forte disposição de realiza-la seja igualada pelo zelo em concluí-la de acordo com os bens que vocês possuem. Porque, se a prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem.” (v.10-12)
O nosso coração é muito sutil. A ganância é uma das fortalezas que Satanás usa para prender-nos no seu reino de trevas. Somos muitas vezes desviados do privilégio de respondermos com nossa alegria em contribuir em resposta ao Evangelho porque olhamos para aquilo que não temos, ao invés de olharmos para o que temos e sermos fieis na medida do que temos.
Deixe-me dar um exemplo sobre isso para ver se conseguimos clareza neste raciocínio exposto pela palavra de Deus. Muitas vezes achamos que precisamos ter mais para que possamos começar a contribuir. Olhamos para outras pessoas e achamos que elas tem mais do que nós temos e por isso elas podem contribuir e nós não. Contudo, a palavra de Deus nos ensina aqui que “a contribuição é aceitável de acordo com quilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem.”
Outras vezes, a atitude é ao contrario desta, olhamos para quem tem menos do que nós e achamos que o que temos é muito para ser dado, então, damos apenas de um pouco do que poderíamos dar generosamente, mas o ensino da palavra de Deus aqui é que devemos ofertar de acordo com os bens que possuímos.
É neste ponto que o princípio bíblico denominado de dízimo pode nos ajudar. Pois o conceito do dízimo é uma forma de estabelecer um critério de igualdade na contribuição de modo que todos tenham condições de ofertar sacrifícial e generosamente dentro de suas próprias possibilidades.
O EVANGELHO DA GENEROSIDADE EXPRESSA A NOSSA INTEGRIDADE DE VIDA COM DEUS.
“Não lhes estou dando uma ordem, mas quero verificar a sinceridade do amor de vocês, comparando-o com a dedicação dos outros.” (v.8)
“Nosso desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês são sobrecarregados, mas que haja igualdade. No presente momento, a fartura de vocês suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez, a fartura deles supra a necessidade de vocês. Então haverá igualdade, como está escrito: Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco.”(v.13-15)
Aqui temos uma orientação que demonstra que não devemos enganar a nós mesmos em relação a nossa vida com Deus. É muito fácil cantar canções que falam de nosso amor, fidelidade e compromisso com Deus. É muito fácil ouvir e afirmar com nossa mente que cremos em Deus e que acreditamos em sua Palavra, mas é essa mesma Palavra que diz que isso só é verdade se nossos conceitos se expressarem em atos práticos de amor ao próximo.
Se afirmamos que amamos a Deus, então, precisamos ser generosos e fieis em nossas contribuições para suprir a necessidade daqueles que estão ao nosso redor.
“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavras nem de boca, mas em ação e em verdade.” (1João 3.16-18)
Do que é que estamos falando? De dinheiro? Não de missão, de serviço, de plantar igrejas, de compartilhar a salvação, de suprir a necessidade de dignidade para aqueles que servem em tempo integral ao povo de Deus. Quando contribuímos veja o que é que acontece:
· Nossas estruturas físicas podem ser mantidas para termos mais adequação ao ensino do Evangelho.
· Pessoas carentes podem ser supridas.
· O Evangelho é pregado perto e longe.
· Novas igrejas são plantadas.
· E aqueles que se dedicam ao ensino e treinamento do povo de Deus podem ser sustentados.
Deixarmos de fazer a obra de Deus porque estamos sendo perseguidos é inviável.
Deixarmos de fazer a obra de Deus por sermos mesquinhos, indiferentes, gananciosos é pecado.
Afirmarmos que amamos a Deus, mas não nos dedicarmos ao que o Pai nos pedi para fazer é descaso para com ele.
O remédio para isso é o nosso arrependimento.
“Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” (v.9)
No Caminho,
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