sexta-feira, 23 de março de 2012

Na rota missional

Olá pessoal!

Quando olho para a igreja percebo que existe uma força poderosa que nos puxa para a inércia da vida missional. Por um lado, vejo muitas pessoas que entendem que precisam se reunir e buscam as reuniões, mas essas reuniões são completamente voltadas para si mesmas, voltadas para dentro. Procuramos nos reunir em prédios que pertencem a nossas igrejas, buscamos nos reunir com outros cristãos, e em nossas reuniões buscamos mais falar sobre a nossa vida com Deus e nossas experiências com Deus com outras pessoas (cristãs) que também tem vida com Deus ou experiências com Deus (ou pelo menos deveriam ter).

Por outro lado, vejo um grupo crescente de cristãos, rejeitando esses encontros, afirmando que não precisam deles, insistindo em que a igreja não é só isso, mas não vejo essas pessoas fazendo nada de diferente, não as vejo se envolvendo com pessoas de fora, não as vejo contando suas experiências com Deus para gente que ainda não conhece a Deus, não as vejo compartilhando o evangelho. Elas simplesmente não vêem as reuniões, ou vêem de vez em quando, conforme sua vontade. Às vezes também são pessoas que rejeitam encontros da igreja, mas estão sempre participando de encontros com outros cristãos, que também estão rejeitando os encontros da igreja.

Essas duas posturas são completamente contrárias a proposta de uma rota missional para a nossa vida! Como é ser um cristão missional? Como é fazer parte de uma igreja missional? Vou tentar responder isso a partir do texto de atos 16.13: "No sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que haviam se reunido ali." 


Esse texto está narrando o que é conhecido como a segunda viagem missionária do apóstolo Paulo. Ele e sua equipe são dirigidos pelo Espírito Santo para a Macedônia e chegam a cidade de Filipos. Ali eles começam a desenvolver a sua missão e o que fazem? Como fazem? Eles tomam a rota missional.

Primeiro eles saem da cidade. Quero fazer uma analogia com isso no sentido de sairmos de nossos prédios. A rota missional é aquela que nos coloca para fora de nossa zona de conforto. Ela nos coloca para fora da nossa casa, para fora do nosso escritório, para fora dos nossos lugares seguros, para fora dos prédios de nossas igrejas.

Segundo, eles vão juntos. Sim, eles fazem isso juntos, eles são uma equipe e entendem que como discípulos de Jesus Cristo, o que estão fazendo é missão. Eles não são um grupo que vêem o apóstolo Paulo como o "pastor" que está ali para cuidar da vida deles, mas como o "pastor" que está ali para treiná-los, motivá-los e liderá-los na vida missional.

Terceiro, eles estavam a procura de um lugar especifico. Era um lugar onde haviam pessoas e era um lugar onde haviam pessoas interessadas em coisas espirituais. Quando o texto diz que foram para a beira do rio a procura de um lugar de oração, não devemos entender que eles estavam procurando um grupo de cristãos, ou no caso de Paulo um grupo de judeus piedosos. Eles estavam a procura de um lugar que integrasse pessoas que estivessem interessadas em coisas espirituais. Afirmo isso por dois motivos! Primeiro, porque os gentios tinham seus lugares de oração para os deuses espalhados por montanhas e próximos a rios, uma vez que os deuses deles estavam sempre relacionados a algum elemento da natureza. Segundo, porque quando Paulo com sua equipe encontra aquele lugar é um grupo de mulheres que se reúne ali. Se fosse um grupo de prosélitos do judaísmo ou um grupo de judeus que se reunião para orar, não haveriam apenas mulheres. O fato de que são todas mulheres implica que não era uma "reunião de oração" dedicada ao Deus de Israel.

Assim, gostaria que você pensasse, como é que fazemos isso hoje? Para onde é que podemos nos dirigir a fim de encontrarmos pessoas reunidas e pessoas que estejam interessadas em questões espirituais? Veja bem, não necessariamente no cristianismo, mas estão em busca de algo que traga significado e sentido para sua vida. Como cristãos missionais, como igreja missional, nós precisamos ir para as praças, para os parques, para os Shoppings, para cafeterias, e outros lugares onde possamos ter contato com pessoas de fora da igreja e encontrarmos gente que está interessada em coisas espirituais, pois pode ser que haja uma Lídia entre eles a quem o Senhor abrirá o coração.

Quarto, eles começaram a conversar. É interessante que o texto não diz que eles começaram a pregar ou mesmo testemunhar, mas a falar. A palavra que aparece ai no original não é nem a que é traduzida por pregação (kerusso) e nem a que é traduzida por testemunho (martyria), mas é uma palavra que é traduzida por falar, que é usada para se referir a um diálogo a uma conversa com outra pessoa. O que isso me ensina é que ser missional não implica em sermos os portadores da verdade, sem que ouçamos o que outros pensam ou tem a dizer e, então, possamos dizer o que pensamos e temos a dizer. Precisamos descobrir um caminho do diálogo, um caminho que nos dê acesso não apenas aos ouvidos das pessoas, mas aos seus corações.

Quinto, e último, eles falaram com as mulheres. Isso na cultura do primeiro século, e para um grupo de homens que na maioria eram judeus, é um grande derrubar de barreiras, é um cruzar de fronteiras. Ser missional significa que estamos dispostos a correr o risco de falar com gente que nossa cultura religiosa diria que não deveríamos falar. Quem são as pessoas para as quais precisamos nos dirigir, e que devemos abordar?

Pois bem, estar na rota missional é estar indo ao encontro das pessoas, dirigidos pelo Espírito Santo, que estão ao nosso redor, ao invés de ficarmos o tempo todo apenas em meio a outros cristãos. Ser missional não é deixar de se reunir com outros cristãos, mas é ir com outros cristãos ao encontro de gente que ainda não compreendeu a dimensão do evangelho. Devemos fazer isso ao longo da semana, quando estamos, talvez, sozinhos em nosso local de trabalho, na faculdade, e em outros lugares. Mais e também fazer isso "no sábado", quando estamos juntos com outros cristãos.

Então, minha sugestão é que ao invés de você continuar fazendo reuniões em um prédio seguro, em uma casa, porque você acha que ser cristão não é só ficar indo nas reuniões da igreja, mas na casa você continua é reunido com outros cristãos, que tal se começassem a se reunir em uma praça ou parque perto do prédio de sua igreja para orarem, estudarem a Bíblia, conversarem com outras pessoas que passam? Ou então fazerem isso em uma cafeteria, lanchonete ou outro espaço público perto de sua igreja? Perto do escritório da missão com a qual você de repente trabalha?

Faça essa opção! Pegue a rota missional para a sua vida.

No Caminho,

segunda-feira, 19 de março de 2012

DO DEVER AO DESEJO

Olá pessoal!

Em João 8.32, Jesus faz a seguinte afirmativa: "E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará."

Quando temos contato com o evangelho e ele realmente alcança a nossa vida somos transformados! Isso é um fato, mas parece que logo a mensagem do "Evangelho da Graça", começa a tomar contornos novamente da lei e da obrigatoriedade.

Passamos a ouvir sempre que "devemos ler a Bíblia", "devemos orar", "devemos falar de Jesus para outras pessoas", "devemos ir aos encontros da igreja", "devemos",  "devemos" e "devemos".

Essas colocações com o passar do tempo vai nos tornando pessoas legalistas, que tem a tendência de julgar aqueles que não estão fazendo o que "devem" fazer, ou desanimadas, porque nós não conseguimos fazer o que "devemos" fazer.

Em minha opinião essa postura é desenvolvida corroendo o evangelho, e com o passar do tempo estamos pregando outro evangelho, que não é o evangelho, como diz o apóstolo Paulo em Gálatas 1.6-7. E por que é que isso acontece?

Acontece porque achamos que temos que ensinar as pessoas o comportamento que elas devem ter e devemos garantir que as pessoas estarão agora buscando as coisas de Deus e não mais as coisas do mundo, e queremos ter certeza de que nós mesmos faremos isso, então, criamos os nossos novos "deveres".

Veja, não quero que você me entenda mal, eu acredito que cada uma dessas coisas precisam ser vividas por nós: ler a Bíblia, orar, compartilhar Jesus, ir aos encontros da igreja, e outras práticas mais, contudo, não acredito que as mesmas devam ser geradas pelo dever.

Mas, se não é pelo dever, será pelo que? Pelo desejo!

Deixe-me ilustrar isso com a vida de um de meus filhos. O meu filho do meio, Yuri, estuda em São Paulo, e passa a semana toda lá. Como ele não está conosco, com sua família, ele não vê a hora de chegar o final de semana para poder nos encontrar, para poder vir para casa e estar reunido com sua família, esse é seu desejo.

Todos os dias ela fala comigo e com a Susy (a minha esposa), fala conosco pelo telefone, fala pelo msn e pelo FB, mas ele não vê o momento de estar reunido conosco como família, sentar ao redor da mesa, estar em seu ambiente familiar.

Isso é desejo! Ele não quer vir para casa por dever, mas deseja vir!

Acredito que é assim que Deus deseja que nos relacionemos com ele, ele quer que o desejemos. Ele quer que leiamos a Bíblia, não por obrigação, mas porque temos desejo de ouvir sua voz; ele quer que oremos não por obrigação, mas porque desejamos falar com ele como nosso Pai; ele quer que compartilhemos com os outros sobre seu Filho Jesus Cristo não por dever, mas porque gostamos de falar de nosso Senhor e do que ele fez por nós e quer fazer pelos outros; ele quer que estejamos nas reuniões da igreja não por dever, mas porque desejamos estar com a família que toma o nome do Pai e celebrarmos juntos.

Do dever para o desejo! É isso que Jesus Cristo propõe quando ele estabelece que o maior de todos os mandamentos é amar o Senhor nosso Deus com toda nossa força, com nosso nosso entendimento e de toda nossa alma. Isso não é dever, é desejo!

Se desejarmos Deus, vamos desejar as coisas que ele deseja, e se desejamos as coisas que ele deseja, então nenhuma delas será um dever para nós, mas um prazer gerado pelo desejo de tê-las.

Oro para que o Espírito Santo conduza o seu coração do dever religioso para o desejo por Deus e pelas coisas que ele deseja.

No caminho,

domingo, 11 de março de 2012

Quando Acordamos


Não sei se você já leu a Bíblia alguma vez, e se o fez, se começou do início. Sim, pois algumas pessoas lêem a Bíblia abrindo-a aleatoriamente e quando fazemos isso é muito difícil abrirmos na primeira página.
A Bíblia começa com um livro chamado Gênesis, essa palavra significa origens, início. Logo fica claro que o objetivo do primeiro livro da Bíblia é nos contar como tudo começou no que diz respeito a nos revelar a pessoal de Deus e os bons propósitos dele para nossa vida.
Logo no primeiro capítulo do Livro de Gênesis temos o que é conhecido como a narrativa da criação, onde nos é contado como o mundo foi formado do nada, através de Deus, mediante a suas ordens pronunciadas.
Contudo, quero chamar sua atenção aqui para a forma como tudo foi feito, mas para a ordem de como foi feito. No final de cada etapa da criação lemos que houve tarde e manhã, o primeiro dia.
Não é interessante? Tarde e manhã! Não é assim que nós olhamos para nosso dia ou para nossa vida, nós sempre consideramos o dia como manhã e tarde, ou manhã e noite. Isso porque somos frutos de uma sociedade individualista e que se pauta pela ordem de nosso desempenho.
A Bíblia, no relato da criação, nos mostra que a perspectiva de Deus para nossa vida é bem diferente da nossa. Ela é uma perspectiva de cooperação, pois quando nos é dito que houve tarde e manhã, significa que Deus é quem fez o primeiro movimento, vem o descanso e acordamos para um novo dia, a fim de participarmos com ele no que está sendo feito.
Outra verdade que aprendemos com esse relato da ordem da criação é que a expectativa de Deus para com nossa vida não é de nosso desempenho, mas de nossa dependência. Ver a ordem do dia como “tarde e manhã” irá nos lembrar que podemos descansar, pois existe um Deus que tem o controle de tudo. A vida não acontece devido a nosso desempenho, acontece em resposta ao desempenho de Deus.
Portanto, quando acordamos a cada manhã devemos nos lembrar de agradecer a Deus por seu cuidado e nos prontificarmos para cooperar com ele naquilo que ele está fazendo em nosso mundo e na nossa vida.
É por isso que a Bíblia diz que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã!