Toda pessoa, mesmo que saiba que super-heróis não existem, tem em seu imaginário um lugar para eles.
Está sendo filmado o segundo filme que junta quatro principais super-heróis do mundo dos quadrinhos: Homem de Ferro, Thor, Hulk e Capitão América. Juntos eles formam uma liga de heróis que se denomina “Os Vingadores”.
A expectativa que gira em torno de todo filme de super-heróis é sempre a mesma, que ele de modo altruísta e corajoso salve o mundo de alguma grande catástrofe. Mas, a pergunta que temos a fazer é: quem salva estes super-heróis?
É interessante notar que cada um deles, apesar da coragem que exprimem, tem suas limitações, tem suas falhas, tem realidades das quais precisam ser redimidas. Realidades que expressão na verdade características de cada um de nós. Assim, todos eles, como cada ser humano, precisam de um Salvador.
Nesta série iremos ver como e porque Jesus Cristo é superior sobre todo e qualquer super-herói e porque só Ele pode ser o verdadeiro salvador que nós seres humanos precisamos.
Hoje veremos como Jesus Cristo é superior ao “Vingador” Homem de Ferro em humildade e por isso é o redentor da humanidade. Mas, talvez nem todos aqui conheçam muito bem o “Homem de Ferro”, então, vamos fazer uma pequena resenha dele.
O Homem de Ferro tem debaixo de sua armadura o multi-milionário Tonny Stark, uma espécie de “mercador da morte”, uma vez que sua empresa fabrica armas de guerra para o governo americano. Um homem ganancioso, vaidoso, mulherengo, alcoólatra e altamente arrogante.
O Homem de Ferro expressa, portanto, a principal característica daqueles que resistem a graça de Deus: o orgulho!
“Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. (Tiago 4.6)
A questão, portanto, é procurarmos entender como Jesus Cristo é superior ao “Homem de Ferro”, e aqueles que por ele são prefigurados, em função de sua humildade. E para isto veremos o texto de Filipenses 2.5-11, a fim de conhecermos a supremacia de Jesus Cristo nesta área.
O que a palavra de Deus nos ensina neste texto sobre a humildade suprema de Jesus Cristo?
QUE ELA É SUSTENTADA PELA CONSCIÊNCIA DE SUA IDENTIDADE.
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;” (Filipenses 2.5-6)
Dentro do contexto de nossa sociedade contemporânea temos uma noção de humildade muito fora daquilo que a Bíblia nos apresenta como humildade. Conforme o sentido etimológico da palavra:
“Humildade significa terra fértil, vem da palavra húmus que significa : solo sobre nós. É a qualidade das pessoas que procuram se manter no nível dos outros, ninguém é pior ou melhor do que os outros, todos estamos no mesmo nível de dignidade, de cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade.” (www.significados.com.br)
No entanto, praticamente falando, nossa sociedade lida com o conceito de humildade como algo que é expressão de gente fraca, inferior e incapaz. Geralmente quando vemos uma pessoa de condições sociais inferior ou limitada em termos educacionais a expressão que se usa é que ela é “uma pessoa muito humilde”.
Confundimos também o conceito de humildade quando achamos que a mesma está relacionada a não admitirmos as virtudes que temos. Uma brincadeira que sempre fazemos ou ouvimos sobre isso é: “Orgulho-me muito de minha humildade.”
Mas o texto de Filipenses nos mostra que Jesus Cristo é humilde justamente porque ele sabe quem é.
“embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se”.
Ou seja, o que faz de Jesus alguém humilde é justamente o fato dele ser Deus e saber que é Deus, e abrir mão de usar suas prerrogativas de Deus, uma vez que se fez homem.
Jesus diz em Mateus 11.29 o seguinte:
“Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.” (Mateus 11.29)
Justamente porque Jesus Cristo sabe quem é, é que a humildade pode se manifestar concreta e plenamente em sua vida como ser humano, pois ele não precisa provar nada para ninguém.
Geralmente nossa necessidade de reconhecimento, por falta de segurança de quem realmente somos, é que faz com que tenhamos atitudes de orgulho em nossa vida.
Na estória do Homem de Ferro ele não tem sua relação bem resolvida com seu pai que já faleceu, e passa toda sua vida tentando provar quem é, ou o que pode ser. ORGULHO!
Para que possamos ter um verdadeiro Salvador, precisamos de alguém que não tenha que lutar por si mesmo, que esteja completamente resolvido e consciente de sua própria identidade. Jesus Cristo é este alguém (João 13.1-4)
QUE ELA SE MANIFESTA NA SUA ENCARNAÇÃO.
“mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Filipenses 2.7)
Henri Nouwen foi quem desenvolveu o conceito, a partir deste texto, do que ele chama de “mobilidade descendente”. Este conceito tem a ver com a escolha que o Filho faz de se mover de sua glória, majestade, e eternidade para dentro do mundo criado pela Trindade, se limitando a um corpo físico, e fazendo isto em uma categoria de servo.
Sim, a questão da encarnação de Jesus Cristo é mais do que o Deus Filho se tornar um ser humano, passa pela sua decisão de tornar-se um ser humano sem privilégios e de viver uma vida de serviço e devoção a Deus Pai, através de representá-lo entre os seres humanos e servindo a sua criação, em busca do resgate dela.
O que chamamos de encarnação de Deus é um conceito que é completamente contra-cultural aos anseios e buscas da sociedade humana. Desde que nascemos somos ensinados a buscar o sucesso, a sermos reconhecidos, a nos tornarmos alguém importante, para que possamos merecer os melhores lugares.
Na encarnação, aquele que é o princípio e o fim, o alfa e o omega, se limita a uma vida humana para viver em serviço da sua criação. Conforme as próprias palavras de Jesus Cristo, ele veio para servir e não para ser servido.
“Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10.45)
Que contraste com o Homem de Ferro! Ele gosta de glamur, de destaque, gosta de ser reconhecido e elogiado. Ele atua em favor de outros, porque a sua própria vida está em risco também.
A vida de Jesus Cristo não estava em risco. Ele a colocou em risco por nós. Ele não precisa fazer isto, mas fez. O Deus Filho se tornou o homem Jesus Cristo. Ele encarnou a natureza humana não porque tinha que fazer isto, mas porque escolheu fazer isto. E o escolheu por amor a sua criação.
E como ser humano ele aprendeu a obediência com humildade e por isto se tornou o Supremo Salvador da sua criação. Devido a sua obediência ele recebeu do Pai, o que já lhe era de direito, toda autoridade e todo poder sobre tudo e todos.
“Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu; e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.” (Hebreus 5.8-9)
QUE ELA SE CONCRETIZA EM SEU SACRIFÍCIO
“E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.8)
Embora a encarnação de Jesus Cristo seja por si só um ato de suprema humildade, pois o Deus eterno se limitou na forma finita de sua criação, o ápice da mesma se dá diante de sua morte.
Vamos pensar juntos sobre isso. Quando falamos de Jesus Cristo não estamos falando de um personagem de história em quadrinhos. Nós não estamos falando de uma lenda ou de um personagem da mitologia grega, nórdica, ou judaica.
Quando falamos de Jesus Cristo estamos falando de um ser humano, mas de um ser humano que contem em si toda a natureza do Deus Eterno que criou o universo. Talvez algumas pessoas possam duvidar disto, talvez outras possam achar que é um exagero ou uma loucura aceitar tal afirmação.
Contudo, a verdade não deixa de ser verdade porque não cremos nela. E sendo Jesus Cristo o Deus Eterno que se fez ser humano, então, ele é a própria essência da vida. E se ele é a essência da vida, então, não há expressão mais clara de humildade do que deixar-se matar por sua própria criação.
Sim! É absolutamente importante que compreendamos que Jesus Cristo não morreu porque não tinha como evitar isto. Ele podia evitar. Jesus Cristo morreu porque entregou-se a morte. Ele entregou-se em favor do resgate do ser humano que foi criado a sua imagem e semelhança.
No Evangelho de João, Jesus Cristo deixa absolutamente claro isto para nós. Que ele deu a sua vida para resgatar o seu povo.
“Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para remotá-la. Esta ordem recebi de meu Pai.” (João 10.17-18)
E a palavra de Deus nos ensina que Jesus Cristo fez isto por nós não porque merecêssemos, mas porque decidiu nos amar.
“Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.” (Romanos 5.8)
Não há expressão de humildade maior do que o Autor da Vida se submeter a própria morte. Não há expressão maior de humilhação do que aquele que pode em qualquer momento manifestar toda a sua glória, calar-se diante do insulto e da blasfêmia de seres insignificantes como nós.
Jesus Cristo é superior em humildade ao Homem de Ferro e a qualquer outro, porque diante do desaforo, qualquer um que tenha poder em suas mãos deixaria claro quem é que estava no controle.
Mas, Jesus Cristo, aquele que tem todo o poder e toda a autoridade no céus e na terra, escolheu humilhar-se e manter-se dependurado em uma cruz, até que sua vida se fosse, para que então, pudesse reaver a nossa vida por intermédio da dele.
Conclusão
Como consequência de sua humildade a palavra de Deus nos mostra que Jesus Cristo recebeu de vota do Pai toda autoridade e poder que sempre teve em toda a eternidade.
E é diante dele, diante de seu infinito poder e majestade, que um dia todo joelho se dobrará e toda língua confessará seu governo soberano sobre tudo e todos.
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.9-11)
Diante de sua suprema humildade Jesus Cristo recebeu uma suprema exaltação, que foi promovida pelo próprio Deus Pai.
Quando nós seguimos os passos de Jesus Cristo, nos rendendo ao seu governo amoroso, e também nos humilhamos diante da poderosa mão de Deus, ao invés de orgulhosamente exigirmos os nossos direitos, o Senhor semelhantemente nos exaltará para a sua própria glória.
“Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.” (Tiago 4.10)
Não devemos nos esquecer que no Reino de Deus os humildes são bem aventurados e aqueles que foram vistos como perdedores dentro do padrão do nosso mundo contemporâneo é que serão tidos como vencedores.
“Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança.” (Mateus 5.5)
“Contudo, muitos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros.” (Marcos 10.31)