Calma!
Sei que o título deste post pode ter chocado você, mas antes de tirar conclusões precipitadas e achar que me desviei para o famigerado "liberalismo teológico", convido você a fazer a leitura de todo o conteúdo deste post.
Antes de mais nada seria bom ressaltar um detalhe que faz toda a diferença! O título diz "NA" e não "DA". Isso é importante por que "DA" tem a ver com procedência, e "NA" tem a ver com localidade.
Dito isso vamos a nossa reflexão e espero que você esteja disposto a ler com atenção e refletir comigo, pois isso faz toda a diferença em nossa vida no Reino.
Dentre toda a criação de Deus apenas o ser humano foi feito a imagem e semelhança de Deus. Isso é deixado bem claro em Gênesis 1.27: "Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." Isso significa que em toda a Criação apenas o ser humano foi feito com a liberdade de escolher responder ou não ao amor de Deus.
Aqui temos um "nó" teológico que confunde muitas pessoas e que vem sendo discutido a muito tempo e por grandes teólogos e não tenho nenhuma pretensão de desfazê-lo, apenas colocarei a minha opinião sobre isso, que é seguida por muitos e rejeitada por muitos outros.
Entendo que essa expressão "a nossa imagem e semelhança" tem a ver com o fato de que apenas o ser humano foi criado com a potencialidade de responder ou não ao amor de Deus que nos é oferecido e escolher se relacionar com Deus ou não.
Todo o restante da criação, incluindo os anjos/demônios não tiveram essa opção. Os anjos foram criados para adorar a Deus e não podem fazer outra escolha, os demônios para serem rebeldes a Deus e não podem fazer outra escolha, mas o ser humano, foi criado a imagem de Deus e isso implica em conceder a ele a liberdade e o direito a escolher como irá responder a Deus. Uma vez que somos criados a imagem de Deus, também temos a responsabilidade de arcar com nossa escolha.
Assim, Deus criou o ser humano para que ele pudesse participar de um relacionamento com Deus, como é o relacionamento existente entre o próprio Deus, na Trindade. O Pai ama o Filho e o Espírito, e o Filho ama o Pai e ama o Espírito, que ama o Filho e o Pai.
Fomos criados para participarmos desse relacionamento. Fomos criados não apenas para termos vida, mas para participarmos da própria vida relacional de Deus. Quando aconteceu o que chamamos de Queda, nós, através de nossos representantes Adão e Eva, escolhemos, enganados pela Serpente, que é Satanás, procurar ter vida a parte de Deus. Ou seja, escolhemos a morte!
O que chamamos de Pecado é uma decisão que tomamos de vivermos vidas independentes de Deus, e todo ser humano nasce com essa condição, na linhagem da escolha feita por nossos representantes. Todo ser humano, que foi criado para participar da vida de Deus, nasce destituído desta vida, desligado de Deus. Como Romanos 3.23 afirma: "pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus".
Muito bem, um detalhe no entanto que não podemos deixar de lado é o fato de que antes mesmo de qualquer uma destas coisas acontecerem, Deus estabeleceu um plano que daria o suporte e a condição do ser humano poder rever sua escolha equivocada e novamente se ligar a Deus para viver o propósito para o qual foi criado, ser parte do relacionamento de vida plena existente na Trindade.
O que Deus fez? Na eternidade a Trindade decidiu que uma das pessoas, o Filho, entraria na história como um ser humano, como o primeiro Adão, e que como ser humano escolheria obedecer a Deus em tudo, o que deveria ter sido a escolha do primeiro Adão. Tendo vivido em plena obediência a Deus, como um ser humano, ele se torna um novo representante da humanidade, pois dentre todos os seres humanos só tínhamos um tipo: os que escolheram desobedecer, mas agora temos dois: um que escolheu obedecer e obedeceu. Agora como nosso representante o Deus Filho dá a sua vida, morrendo como uma pessoa justa no lugar de pessoas injustas.
O detalhe que não podemos perder aqui é que toda essa ação é definida na eternidade, antes de qualquer coisa ser criada ou acontecer, e se concretiza em nosso mundo, em nossa história, através da Encarnação do Deus Filho, na pessoa de Jesus de Nazaré. Se isso não fosse assim, então, o que Jesus fez seria uma espécie de "plano B" de Deus, mas não foi, esse era exatamente o plano do Deus Trino. Observemos dois textos sobre esse ponto:
"Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês." (1Pedro 1.18-20)
"Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo." (Apocalipse 13.8)
Assim, nossa salvação é possível porque o Deus Trino, antes de fazer qualquer coisa, decidiu que iria nos redimir mediante sua graça que nos seria oferecida através de um representante da raça humana, que na verdade é o próprio Filho de Deus, encarnado.
Agora temos duas realidades concernente a humanidade! Ou em outras palavras, temos dois representantes! O primeiro Adão (a primeira humanidade) que se rebelou contra Deus e no qual todos nós nascemos ligados. E o segundo Adão, Jesus Cristo, (a segunda humanidade) a quem podemos ser ligados, por intermédio da graça de Deus que é acolhida por nós mediante a fé que Deus nos concede, como diz Efésios 2.8-9: "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie."
Portanto, toda vida humana e seu relacionamento com Deus está baseada no conceito de representatividade. Ou somos representados diante de Deus por Adão, ou somos representados diante de Deus por Jesus Cristo, homem.
"Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo. (1Timóteo 2.5-6)
Essa é a compreensão que o Novo Testamento, principalmente através dos textos do apóstolo Paulo, nos dão sobre nossa salvação e nossa vida com Deus. Veja quantas vezes aparecem a expressão "em Cristo, em Jesus Cristo" nos textos do Novo Testamento, em especial nas cartas paulinas. Citando apenas mais um texto de exemplo: "Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus." (Colossenses 3.1)
E com esse texto chegamos ao tema deste artigo! Há uma "quarta pessoa" na Trindade. Jesus Cristo, homem! É claro que estou apenas usando um jogo de palavras aqui, mas para esclarecer um conceito que, como dito no início é de fundamental importância. É claro que o Deus Filho e Jesus Cristo são a mesma pessoa. É claro que ele é 100% Deus e 100% homem.
Agora, o que não é claro, muitas vezes, é o fato de que o Eterno Filho de Deus, o Verbo, quando voltou e assentou-se a direita de Deus Pai, não o fez mais como o Verbo, mas como o Deus-Homem, Jesus Cristo.
Então, a humanidade redimida está representada diante na Trindade pela humanidade de Jesus Cristo, logo, há uma "quarta pessoa" na Trindade, representada pela própria pessoa do Filho, mas que é a expressão da nossa humanidade redimida.
Colocando de outra maneira, o apóstolo Paulo nos diz que o Espírito Santo de Deus está habitando nos redimidos, e é o selo (a garantia) da nossa salvação eterna, e o livro de Hebreus nos mostra que Jesus Cristo está ao lado do Pai, nos representado como Sumo Sacerdote, como um ser humano perfeito, embora tenha 100% de sua natureza divina.
Assim, como diz meu amigo Ariovaldo Ramos: há um homem na Trindade!
Disse que isso é de fundamental importância para nossa vida no Reino de Deus. Por quê? Bem, se pensarmos do lado de Deus a importância é que quando Deus olha para os redimidos pelo Evangelho, faz isso olhando para a humanidade perfeita de Jesus Cristo, em quem estamos.
De nossa parte, como é exposto no capítulo 3 do livro de Colossenses, nós já estamos em Cristo, ressuscitados com ele, então existe um novo poder vivendo em nós, existe um novo propósito pelo qual vivemos e existe uma nova referência para a nossa vida e é por ela que devemos viver.
Tudo se fez novo!
No Caminho,
Um comentário:
Fantástico!
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