terça-feira, 29 de maio de 2012

Desafiando o poder absoluto de quem é amado.

"Vivemos em tempos de grande fragilidade emocional. As pessoas se ofendem com facilidade e, quando são criticadas, reagem, dizendo ter sido ofendidas. Na verdade, vivemos numa época em que a ofensa emocional, ou a mágoa, quase sempre se transforma em padrão de julgamento para decidir se houve amor nas palavras do ofensor. Se alguém reclamar que se sentiu ofendido por algo que você disse, muitos outros pensarão que você não agiu com amor. O amor, portanto, não é validado por eles pela qualidade do ato e nem por seus motivos, mas pelas reações subjetivas. Neste tipo de relacionamento, o ofendido tem autoridade absoluta. Se ele disser que você o ofendeu, muitos entenderão que você não agiu com amor, que você é culpado. Jesus não permitirá que esse conceito fique livre de contestação." (John Piper)

Essa consideração de John Piper sobre como nossos relacionamentos hoje são influenciados por essa cultura da "psicologização" da alma é, em minha opinião, fenomenal. Se lermos os Evangelhos com atenção iremos perceber que existe um "Jesus" no imaginário da igreja contemporânea que não tem nada a ver com o Jesus revelado na Bíblia.

Na "cultura do descarte" em que vivemos tornamos os nossos relacionamentos também descartáveis e isso acontece porque medimos os mesmos pelos nosso subjetivismo e não pela objetividade, coerência e verdade, do que os valores da vida, em especial da vida do Reino, nos apresenta.

Quando nos sentimos em uma situação embaraçosa, quando nos sentimos acuados, ou contrariados, ao invés de fazermos a opção de amadurecer em nossas relações, aprendendo a acolher o outro, a dar-lhe a liberdade de nos contrariar, a acolher o que julgamos ser "ofensa", e às vezes é mesmo, preferimos abrir mão dos nossos relacionamentos, argumentando que o outro não nos amou.

Assim, descartamos casamentos, descartamos amizades, descartamos a vida no comunidade dos discípulos, nos iludindo que não estamos fazendo isso, porque estamos indo para outra "igreja", mas o problema é o motivo pelo qual estamos indo para outra igreja. Podemos procurar enganar a nós mesmos, mas como diz o apóstolo Paulo, nossa consciência nos acusa, e sabemos disso.

Voltando a Jesus, o Jesus que a Bíblia revela, acho que muitas pessoas não gostariam dele e não estariam mais em nenhuma igreja se ele fosse o pastor das mesmas. Jesus é a própria expressão de amor de Deus, mas veja como ele confronta e lida com seus discípulos: "até quando vou ter que suportar vocês, homens de pequena fé", é o que ele diz a seus seguidores quando são incapazes de expulsar um demônio. À um homem que diz que quer segui-lo, mas que tem que terminar seus negócios ele diz que não há tempo, ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é digno do Reino de Deus. E a outro que quer ir ao velório dos pais, ele diz para que deixe os mortos sepultar seus próprios mortos.

Entre tantas outras colocações que são feitas por Jesus, a amigos, aos discípulos e a seus opositores. A questão é que ele não mudou. E ele continua dizendo essas e todas as outras coisas registradas na Bíblia para mim e para você. Contudo, muitos preferem entender que tais colocações não são para hoje. Muitos preferem se enganar dizendo que são seus discípulos, mas que estão ofendidos é com o pastor, e com o outro irmão que os desrespeitou ou os humilhou.

Minha pergunta é: Se Jesus Cristo é o Senhor de nossas vidas, que direito temos de argumentar contra qualquer das exigências que ele nos apresenta? Precisamos nos libertar dessa enfermidade que foi gerada em nossa geração chamada "sentimentalismo". Precisamos parar de querer nos sentir feridos e ofendidos por qualquer coisa que não expresse aquilo que gostaríamos que expressasse.

O Reino de Deus é para ser tomado a força! Ou seja, é para ser vivido para valer! Jesus não tem meios discípulos, ou somos, ou não somos, foi ele quem disse, quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha.

Deixe-mos nossos fracos argumentos de lado, e nos dobremos, portanto, aquilo que a Palavra de Deus nos diz! Nada de descartar relacionamentos, nada de excluir-nos, buscando outros lugares, não pela missão,  mas pelo desejo de evitar o trabalho de amarmos e perdoarmos, como Jesus nos ordenou.

No Caminho,


terça-feira, 15 de maio de 2012

Os Desafios da Liderança na Vida do Homem




INTRODUÇÃO
Se você é um homem, e em especial um homem que tomou a decisão de seguir a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, então, tem diante de você um grande desafio.
Como homens cristãos estamos inseridos em uma sociedade que demanda de nós o mais alto custo do discipulado. Se não, vejamos:
  1. Em termos profissionais, estamos inseridos em um mercado acirrado, onde o “Dinheiro” continua sendo o grande “deus” que disputa a governo em nosso coração com o governo do Reino de Deus.
  2. Em termos familiares, somos pressionados pelo desafio de darmos uma qualidade de vida adequada a nossos filhos, o que exige de nós cada vez mais tempo dedicado ao trabalho, e darmos a eles da nossa presença para que tenham um referencial de masculinidade que seja saudável.
  3. Em termos conjugais, vivemos a pressão imposta por nossa sociedade do espaço e sucesso profissional de nossa esposa, que muitas vezes rouba a sua identidade de auxiliadora idônia; e a demanda de uma sexualidade descomprometida, que se apresenta cada vez mais como parte comum da agenda da vida.
  4. Em termos espirituais, nos sentimos muitas vezes temerosos de assumirmos nosso lugar como líderes que Deus nos levantou para ser em nossa casa, igreja e sociedade, transferindo essa responsabilidade para terceiros, que achamos serem os “profissionais” nesta área.
O texto de Efésios 6.19-22 nos apresenta alguns requesitos básicos que precisamos cultivar para respondermos ao desafio de sermos homens de Deus em uma sociedade como a nossa.
Antes, porém, de abordar esses requisitos, deixe-me levantar o contexto da época em que esse texto foi escrito, para que não pensemos que a situação deles era mais favorável do que a nossa quanto a responder ao desafio de sermos homens de Deus no nosso mundo.
A igreja de Éfeso para a qual essa carta originalmente é escrita, estava presente em uma cidade portuária e cosmopolita. Era uma cidade cujo comercio era intenso, e isso exigia muito profissionalmente daqueles que ali viviam. A cidade tinha sua economia em torno da arte dos ourives que produziam imagens da deusa Diana.
Além disso, a cultura da cidade estava imersa em uma vida de promiscuidade que era validade pelo culto a “Grande Diana dos Efésios”, uma deusa da fertilidade grega, que tinha um enorme templo erigido a ela, com mil sacerdotisas, que eram prostitutas cultuais, que ministravam dia e noite, o que tornava a cidade visitada por muitos adoradores e com uma forte ênfase na promiscuidade, pois fazia parte do ritual da adoração a Diana o ato sexual com as sacerdotisas de Diana, o que poderia acontecer em qualquer lugar. 
Também eram exercidas muita arte mágica e feitiçaria por conta de se entender que as mesmas davam aos seus praticantes a capacidade de manipular a vontade dos deuses.
Assim, o contexto para o qual originalmente esta carta é escrita, não difere muito do nosso próprio contexto, no que diz respeito aos desafios de se ter uma vida regida por novos valores, que são amplamente opostos a ordem do dia na agenda da sociedade que nos cerca.
Assim, quais são os requisitos que a palavra de Deus nos apresenta neste texto para respondermos aos desafios de nossa liderança masculina?
O requisito da oração (v.19)
Precisamos de pessoas que orem por nós! 
Precisamos de ter uma vida consistente de oração, por várias vezes encontramos o apóstolo Paulo orando nesta carta (1.3; 1.17-19; 3.14-21), mas também precisamos de gente que ore por nós. 
Sugiro que devamos construir uma confraria de oração. Cada um de nós deveria ter mais dois outros homens com quem pudéssemos contar para estarem orando especificamente por nós e por quem pudéssemos orar. Além, é claro de contar com a oração de toda a igreja.
O requisito do evangelho (v. 19)
O apóstolo Paulo era um pregador do evangelho! E para que ele pudesse pregar o evangelho, primeiro ele precisava receber a mensagem.
Em Efésios 3.1-6 o apóstolo Paulo diz que recebeu o conhecimento deste evangelho e foi comissionado para compartilhar esse evangelho.
Esse conhecimento não diz respeito meramente a uma compreensão teórica do conteúdo do evangelho, mas um apropriação experiêncial do mesmo em sua vida, para que o mesmo pudesse ser compartilhado com outros.
Só existe uma mensagem que é capaz de fazer frente a todas as pressões que estão ao nosso redor, e essa é a mensagem do evangelho. Somente quando o evangelho se torna parte de nós é que teremos poder para enfrentar qualquer valor que seja contrário ao estilo de vida do Reino de Deus que nos é proposto.
O requisito da coragem (v.19-20)


Em minha opinião uma das questões que mais precisamos lidar em nossas vidas como homens é a da coragem. Desde a Queda a covardia tem sido um mal que acompanha a nossa masculinidade.
O medo traz grandes prejuízos para nós como homens e líderes. Por causa do medo nos omitimos, por causa do medo mentimos, por causa do medo abrimos mão de valores que não deveríamos abrir.
Contudo, encontramos muitas vezes nas Escrituras, o desafio de Deus para que sejamos homens de coragem (Josué 1.6,9; Juízes 6.12). Deus não aprova os covardes, ao contrário a covardia é vista como pecado para Deus (Apocalipse 21.7-8).
Precisamos ser homens de coragem para não abrirmos mão do nosso compromisso com o governo de Jesus Cristo sobre nossas vidas, mesmo que venhamos a sofrer consequências por causa disso (Efésios 6.20)
O requisito da parceria/amizade (v.21-22)
Nós homens geralmente temos mais dificuldades de sermos transparentes uns com os outros do que as mulheres. Não gostamos de expressar nossa vulnerabilidade, talvez esse seja um dos motivos de encontrarmos poucos homens envolvidos com a prática da oração comunitária.
Contudo, Deus nos criou para sermos relacionais. Precisamos uns dos outros se queremos nos fortalecer como homens de Deus e como líderes que fazem a diferença em nossa casa, igreja e sociedade.
Precisamos uns dos outros para que possamos nos fortalecer e nos estimularmos a caminhar sem desistir. Neste texto há duas perspectivas nesta dimensão da relacionalidade.

  • A primeira, é a da parceria de Paulo com a igreja. Ele envia Tiquico porque quer que a igreja saiba como ele, Paulo, está. O apóstolo não quer esconder a sua situação. Ele não pretende fingir, não pretende usar máscaras.
Nós também precisamos de uma igreja que possa nos conhecer. Nós também precisamos de uma igreja para quem possamos abrir nosso coração e expor nossa situação contando com suas orações e apoio. Isso acontece de modo mais fácil em um contexto de pequenos grupos, do que em uma reunião geral com toda a comunidade, mas ela precisa acontecer.

  • A segunda, é a própria amizade de Tíquico. Você tem “Tiquicos” em sua vida? O apóstolo Paulo tinha vários! É muito interessante ver que em suas cartas ele descreve uma grande quantidade de pessoas pelo nome, e com expressões de afeto, o que demonstra como Paulo era uma pessoa que tinha amigos.

Você tem amigos? Gente que te conhece, que sabe de suas lutas, que acompanha sua história, que pode contar para outros, não a titulo de fofoca, mas quando você precisar, qual é a sua situação?
CONCLUSÃO
Se buscarmos observar esses requisitos nossa masculinidade será fortalecida. Se nossa masculinidade for fortalecida, nossas esposas ganharão com isso e nossos filhos também. 
Se assumirmos o nosso lugar como líderes, se sairmos de trás de nossas “árvores” e assumirmos o nosso lugar a igreja ganhará com isso e a sociedade também.

No Caminho, 

Ricardo Costa

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Mesa da Comunhão


Existem palavras que são próprias de um determinado contexto! Por exemplo:
  • há palavras que são próprias do contexto militar, como: SENTIDO!
  • há palavras que são próprias do contexto da intimidade familiar: Apelidos carinhosos que são dados no contexto da família
  • há palavras que são próprias do contexto esportivo: “O lutador levou uma baiana”.
Assim também a palavra COMUNHÃO é particularmente própria do contexto da igreja, a comunidade dos seguidores de Jesus Cristo.
No contexto social também há relacionamentos, amizade, parceria, e todas essas dimensões estão contidas na palavra comunhão, mas a palavra comunhão, em termos bíblicos transcende todas essas coisas.
Isso porque o conceito bíblico para a palavra comunhão é o evangelho! Na igreja temos comunhão não porque meramente gostamos das pessoas, não porque nos damos bem o tempo todo uns com os outros, mas porque o evangelho promoveu essa comunhão entre nós.
Jesus deixou claro que aquilo que ele veio fazer através de sua morte e ressurreição era promover a condição de termos nossa comunhão restaurada com Deus e uns com os outros.
“Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim.” (João 17.20-23)
O nosso problema é que achamos que para essa “comunhão” existir as pessoas precisam sempre responder positivamente a nossas expectativas e isso não acontece, então, achamos que não temos comunhão.
Mas, a comunhão não é uma opção, é uma realidade. Portanto, ou nós nos dispomos a viver em comunhão com Deus e uns com os outros, ou não estamos vivendo em comunhão com Deus, mesmo que achemos que estamos vivendo.
Deixe-me compartilhar com você algumas realidades concernentes a vida de comunhão para a qual Deus nos resgatou.

A COMUNHÃO É ESTABELECIDA EM JESUS CRISTO.
“Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito.” (Efésios 2.14-18)
Esse texto deixa claro para nós que foi através da morte de Jesus Cristo que Deus promoveu a reconciliação, não apenas entre nós e ele, mas também uns com os outros. Portanto, a comunhão não é fruto de um esforço de nossa parte para tentar ter um bom relacionamento uns com os outros.
A comunhão é manifestada em nossa vida para com o outro a medida que nos submetemos ao poder do evangelho, ao poder da vida de Jesus Cristo que está em nós, a medida que dizemos não para nossa justiça própria e nos colocamos sob a justiça da cruz.
Quando temos algum tipo de desentendimento, quando nos deparamos com alguma forma de manifestação de pecado cometido por nós ou por outros, precisamos entender que tal situação não destrói a comunhão. O que destrói a comunhão é a nossa indisposição de abrir mão de nossos direitos, quebrantar nosso coração e acolher com graça e perdão o outro e nos deixarmos ser acolhidos com graça e perdão pelo outro.
Se isso não for feito, estamos barrando nossa comunhão com o outro, mas também estamos barrando nossa comunhão com Deus. E é por isso que Jesus nos instrui a não adorar sem que nosso coração esteja resolvido com o outro.
“Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão; depois volte e apresente sua oferta.” (Mateus 5.23-24)
A postura que nossa sociedade tem, incluindo muitos dos que fazem parte da igreja, é a de se temos problemas com alguém não vamos mais nos relacionar com essa pessoa:
  • Se nosso filho tem problemas com o professor vamos levá-lo para uma nova escola;
  • Se temos problemas no relacionamento conjugal, vamos atrás de uma nova relação; 
  • no caso de igrejas, vamos embora para outra, ou, alguns até acham que a pessoa com quem temos problema é que deve ir embora para outra igreja, pois afinal de contas chegamos primeiro.
Lembremos que Jesus Cristo pagou o preço da sua vida para que tivéssemos comunhão novamente com Deus e uns com os outros.
“Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” (1João 1.3)

A COMUNHÃO É MANTIDA POR NOSSA OBEDIÊNCIA A PALAVRA DE DEUS.
“Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Efésios 4.1-3)
Nossa tendência natural, como seres humanos afetados pela Queda, é a de que nos injuriemos com o que vemos de errado no outro e respondamos a isso com indignação.
Contudo, se fomos alcançados pelo evangelho, estamos vivendo sob um novo poder, mas também sob uma nova ordem de padrões e de posturas que devemos assumir. Tiago nos diz:
“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus.” (Tiago 1.19-20)
É claro que não estamos dizendo aqui que devemos fingir que não existe nada de errado, quando alguma coisa errada estiver acontecendo. O que estamos dizendo aqui é que a maneira como agimos com o que está acontecendo de errado é produzida por uma postura diferente, que deve se manifestar em nós se formos obedientes a palavra de Deus.
Veja o texto de Efésios nos ensina que devemos:
  • Que ao lidarmos uns com os outros precisamos ser completamente humildes, pois também temos nossas falhas, nossos desvios de caráter, nossos pecados, mesmo que esses estejam ocultos dos olhos das pessoas. Lembre-se que um dia todos eles serão revelados.
“Os pecados de alguns são evidentes, mesmo antes de serem submetidos a julgamento, ao passo que os pecados de outros se manifestam posteriormente. Da mesma forma, as boas obras são evidentes, e as que não o são não podem permanecer ocultas.” (1Timóteo 5.24-25)


  • Que ao lidarmos uns com os outros precisamos ser completamente dóceis. Ver o erro do outro não nos dá o direito de sermos duros no tratamento com o mesmo. Esse é o padrão do presente mundo mal, incluindo a religião, mas não é o padrão do Reino de Deus. Mesmo na correção precisamos ter palavras dóceis e gentis para com o outro e não palavras que firam e esmaguem.

“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão.” (Gálatas 6.1)
  • Que ao lidarmos uns com os outros precisamos ser completamente pacientes. Nossa tendência é a de achar que para tudo tem um limite. Usamos a expressão “minha paciência tem limite”. O problema novamente é que na esfera dos nossos relacionamentos no Reino de Deus esse limite está definido pelo que Jesus Cristo fez por nós. E como ele nos perdoou ilimitadamente, precisamos ter paciência ilimitada uns para com os outros. Jesus em Mateus 18.15-17 e 21-35 nos ensina como é que a paciência deve ser uma pratica na manutenção de nossos relacionamentos como seguidores dele.
Nossa paciência precisa ser manifestada como um continuo suporte de amor um ao outro. Nossa meta é vermos a paz de Cristo preservada em nossos relacionamentos por conta da unidade do Espírito que temos entre nós.
Assim, se formos obedientes a toda a palavra de Deus e não apenas aquilo que nos é conveniente, se formos obedientes ao governo de Jesus Cristo que é exercido sobre nós por sua palavra e pelo poder de seu Espírito, nós vamos trabalhar pela reconciliação e preservação da paz em todas as esferas dos nossos relacionamentos.

A COMUNHÃO É DESENVOLVIDA A MEDIDA QUE CRESCEMOS NO NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS.
“Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma. Se afirmamos que temo comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (1João 1.5-7)
Um detalhe que geralmente acaba nos passando despercebido é que a fonte de toda a comunhão está na nossa relação com Deus e não meramente na busca de um bom convício com o outro.
A palavra de Deus nos ensina que em Cristo fomos trazidos a paz! Ela nos ensina que devemos preservar essa paz através de nos mantermos vinculados pelo Espírito. E a maneira de nos mantermos ligados pelo Espírito é que cada um de nós tem no coração o desejo de buscar uma crescente vida de relacionamento com Deus.
Veja, isso é simples! Somos seres caídos! Nosso sistema original foi contaminado pelo pecado, e Deus em Jesus Cristo, pelo seu Espírito está nos restaurando ao plano original. Contudo, para que isso aconteça nós precisamos nos dispor para responder continuamente a obra do evangelho em nossa vida.
Todos os dias precisamos escolher andar na luz! Todos os dias precisamos cultivar em nosso coração o compromisso com a rendição de nossa vontade ao Senhor. Nós não temos comunhão uns com os outros porque queremos, nós temos comunhão uns com os outros porque essa é a consequência natural de estarmos em comunhão com Deus.
O apóstolo Paulo nos apresenta isso em sua Carta ao Gálatas, quando nos fala sobre as obras da carne e o fruto do Espírito. Esses dois conjuntos de atitudes são a manifestação do nível de nossa vida com Deus e como isso se expressa para com nossos relacionamentos.
Vejamos como isso é tratado em Gálatas 5:
“Toda a Lei se resume num só mandamento: Ame o seu próximo como a si mesmo. Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente. Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.” (Gálatas 5.14-16)
O contexto que dá fundamento a lista que é feita pelo apóstolo Paulo do que é chamado de obras da carne e frutos do Espírito é como estamos nos relacionando uns com os outros.
Satisfazer os desejos da carne neste texto é agir para com o outro conforme a nossa velha natureza anseia. E como é?
“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes.” (Gálatas 5.19-21)
E viver pelo Espírito é andar em comunhão continua com Deus, buscando sua vontade manifesta em sua Palavra e agindo de conformidade com a vida do Espírito que está em nós. Se assim fazemos o que se manifesta em nossos relacionamentos é o que a palavra de Deus chama de fruto do Espírito.
“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.” (Gálatas 5.22-23)
Conforme o texto bíblico, nossos relacionamentos são beneficiados pelo fato de que já estamos em Cristo, e que nele estamos crucificando a nossa velha natureza. Não exigimos mais os nossos direitos, eles foram crucificados com Cristo.
“Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito.” (Gálatas 5.24-25)
Quanto mais íntimos formos de Deus, mais consciência teremos do pecado, mas também mais graça para oferecer aqueles que pecam.
CONCLUSÃO
Toda essa realidade se personifica na mesa da comunhão!
Aproximar-se da mesa da comunhão, para participar da santa ceia, exige de cada um de nós a disposição de estar em paz com Deus e uns com os outros.
As Escrituras nos dizem para não nos aproximarmos da mesa da comunhão sem discernir o corpo de Cristo. Isso significa que não podemos participar desta mesa sem ter a consciência de que ela promove a paz entre nós e Deus, mas também entre uns com os outros.
As Escrituras nos dizem que devemos examinar a nós mesmos e, então, comermos do pão e bebermos do cálice, e isso implica em ver se nosso coração não está precisando acertar qualquer pendência com o outro.
Implica em aceitarmos o fato de que comer e beber da mesa da comunhão é dizer para Deus que aceitamos a oferta de seu perdão e graça para nós e estamos dispostos a estendê-la aos outros.
Se fizermos a primeira parte sem a segunda, estamos comendo e bebendo juízo sobre nós, pois Deus irá nos colocar a mercê dos “torturadores”, até que aprendamos que mesmo que as pessoas errem conosco precisamos perdoá-las e liberá-las de nossas exigências, seja quantas vezes forem, pois fomos perdoados uma única vez, mas de uma dívida impagável.

No Caminho,


Ricardo Costa