INTRODUÇÃO
Se você é um homem, e em especial um homem que tomou a decisão de seguir a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, então, tem diante de você um grande desafio.
Como homens cristãos estamos inseridos em uma sociedade que demanda de nós o mais alto custo do discipulado. Se não, vejamos:
- Em termos profissionais, estamos inseridos em um mercado acirrado, onde o “Dinheiro” continua sendo o grande “deus” que disputa a governo em nosso coração com o governo do Reino de Deus.
- Em termos familiares, somos pressionados pelo desafio de darmos uma qualidade de vida adequada a nossos filhos, o que exige de nós cada vez mais tempo dedicado ao trabalho, e darmos a eles da nossa presença para que tenham um referencial de masculinidade que seja saudável.
- Em termos conjugais, vivemos a pressão imposta por nossa sociedade do espaço e sucesso profissional de nossa esposa, que muitas vezes rouba a sua identidade de auxiliadora idônia; e a demanda de uma sexualidade descomprometida, que se apresenta cada vez mais como parte comum da agenda da vida.
- Em termos espirituais, nos sentimos muitas vezes temerosos de assumirmos nosso lugar como líderes que Deus nos levantou para ser em nossa casa, igreja e sociedade, transferindo essa responsabilidade para terceiros, que achamos serem os “profissionais” nesta área.
O texto de Efésios 6.19-22 nos apresenta alguns requesitos básicos que precisamos cultivar para respondermos ao desafio de sermos homens de Deus em uma sociedade como a nossa.
Antes, porém, de abordar esses requisitos, deixe-me levantar o contexto da época em que esse texto foi escrito, para que não pensemos que a situação deles era mais favorável do que a nossa quanto a responder ao desafio de sermos homens de Deus no nosso mundo.
A igreja de Éfeso para a qual essa carta originalmente é escrita, estava presente em uma cidade portuária e cosmopolita. Era uma cidade cujo comercio era intenso, e isso exigia muito profissionalmente daqueles que ali viviam. A cidade tinha sua economia em torno da arte dos ourives que produziam imagens da deusa Diana.
Além disso, a cultura da cidade estava imersa em uma vida de promiscuidade que era validade pelo culto a “Grande Diana dos Efésios”, uma deusa da fertilidade grega, que tinha um enorme templo erigido a ela, com mil sacerdotisas, que eram prostitutas cultuais, que ministravam dia e noite, o que tornava a cidade visitada por muitos adoradores e com uma forte ênfase na promiscuidade, pois fazia parte do ritual da adoração a Diana o ato sexual com as sacerdotisas de Diana, o que poderia acontecer em qualquer lugar.
Também eram exercidas muita arte mágica e feitiçaria por conta de se entender que as mesmas davam aos seus praticantes a capacidade de manipular a vontade dos deuses.
Assim, o contexto para o qual originalmente esta carta é escrita, não difere muito do nosso próprio contexto, no que diz respeito aos desafios de se ter uma vida regida por novos valores, que são amplamente opostos a ordem do dia na agenda da sociedade que nos cerca.
Assim, quais são os requisitos que a palavra de Deus nos apresenta neste texto para respondermos aos desafios de nossa liderança masculina?
Precisamos de pessoas que orem por nós!
Precisamos de ter uma vida consistente de oração, por várias vezes encontramos o apóstolo Paulo orando nesta carta (1.3; 1.17-19; 3.14-21), mas também precisamos de gente que ore por nós.
Sugiro que devamos construir uma confraria de oração. Cada um de nós deveria ter mais dois outros homens com quem pudéssemos contar para estarem orando especificamente por nós e por quem pudéssemos orar. Além, é claro de contar com a oração de toda a igreja.
O apóstolo Paulo era um pregador do evangelho! E para que ele pudesse pregar o evangelho, primeiro ele precisava receber a mensagem.
Em Efésios 3.1-6 o apóstolo Paulo diz que recebeu o conhecimento deste evangelho e foi comissionado para compartilhar esse evangelho.
Esse conhecimento não diz respeito meramente a uma compreensão teórica do conteúdo do evangelho, mas um apropriação experiêncial do mesmo em sua vida, para que o mesmo pudesse ser compartilhado com outros.
Só existe uma mensagem que é capaz de fazer frente a todas as pressões que estão ao nosso redor, e essa é a mensagem do evangelho. Somente quando o evangelho se torna parte de nós é que teremos poder para enfrentar qualquer valor que seja contrário ao estilo de vida do Reino de Deus que nos é proposto.
Em minha opinião uma das questões que mais precisamos lidar em nossas vidas como homens é a da coragem. Desde a Queda a covardia tem sido um mal que acompanha a nossa masculinidade.
O medo traz grandes prejuízos para nós como homens e líderes. Por causa do medo nos omitimos, por causa do medo mentimos, por causa do medo abrimos mão de valores que não deveríamos abrir.
Contudo, encontramos muitas vezes nas Escrituras, o desafio de Deus para que sejamos homens de coragem (Josué 1.6,9; Juízes 6.12). Deus não aprova os covardes, ao contrário a covardia é vista como pecado para Deus (Apocalipse 21.7-8).
Precisamos ser homens de coragem para não abrirmos mão do nosso compromisso com o governo de Jesus Cristo sobre nossas vidas, mesmo que venhamos a sofrer consequências por causa disso (Efésios 6.20)
Nós homens geralmente temos mais dificuldades de sermos transparentes uns com os outros do que as mulheres. Não gostamos de expressar nossa vulnerabilidade, talvez esse seja um dos motivos de encontrarmos poucos homens envolvidos com a prática da oração comunitária.
Contudo, Deus nos criou para sermos relacionais. Precisamos uns dos outros se queremos nos fortalecer como homens de Deus e como líderes que fazem a diferença em nossa casa, igreja e sociedade.
Precisamos uns dos outros para que possamos nos fortalecer e nos estimularmos a caminhar sem desistir. Neste texto há duas perspectivas nesta dimensão da relacionalidade.
- A primeira, é a da parceria de Paulo com a igreja. Ele envia Tiquico porque quer que a igreja saiba como ele, Paulo, está. O apóstolo não quer esconder a sua situação. Ele não pretende fingir, não pretende usar máscaras.
Nós também precisamos de uma igreja que possa nos conhecer. Nós também precisamos de uma igreja para quem possamos abrir nosso coração e expor nossa situação contando com suas orações e apoio. Isso acontece de modo mais fácil em um contexto de pequenos grupos, do que em uma reunião geral com toda a comunidade, mas ela precisa acontecer.
- A segunda, é a própria amizade de Tíquico. Você tem “Tiquicos” em sua vida? O apóstolo Paulo tinha vários! É muito interessante ver que em suas cartas ele descreve uma grande quantidade de pessoas pelo nome, e com expressões de afeto, o que demonstra como Paulo era uma pessoa que tinha amigos.
Você tem amigos? Gente que te conhece, que sabe de suas lutas, que acompanha sua história, que pode contar para outros, não a titulo de fofoca, mas quando você precisar, qual é a sua situação?
CONCLUSÃO
Se buscarmos observar esses requisitos nossa masculinidade será fortalecida. Se nossa masculinidade for fortalecida, nossas esposas ganharão com isso e nossos filhos também.
Se assumirmos o nosso lugar como líderes, se sairmos de trás de nossas “árvores” e assumirmos o nosso lugar a igreja ganhará com isso e a sociedade também.
No Caminho,
Ricardo Costa
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