terça-feira, 8 de setembro de 2009

O caminho da apatia espiritual


Olá pessoal.

Quero escrever um pouco sobre um tema, não é um prolegômeno, que infelizmente vejo se manifestando na vida de muitas pessoas ao meu redor ao longo da minha vida. Chama-se apatia. A coisa mais difícil na vida não é começar algo, mas concluir, ou continuar firme por toda a vida. No Reino de Deus isso não é diferente. Eu sempre digo que no Reino de Deus não importa como começamos, mas como terminamos. Contudo, isso é uma verdade para a vida como um todo.

Por exemplo, você pode não começar bem um casamento, no sentido de que tudo saiu conforme você esperava, mas pode terminar muito bem a medida que investe na relação para que ele seja o que deve ser. Por outro lado, às vezes, pessoas começam muito bem um casamento, mas com o passar do tempo deixam de investir e tudo termina em divórcio ou em uma relação de pura aparência.

Treino karatê desde meus 14 anos de idade e durante todo esse tempo vi muito gente começar, parar, voltar, nunca mais voltar, e etc. Eu mesmo fiquei um tempo sem treinar, mas o foco em meu coração nunca se perdeu, contudo é aqui que está o perigo maior. Muitas pessoas acham que porque treinaram um pouco de karatê continuam sendo karatecas, mesmo que nunca mais tenham treinado.

O mesmo ocorre na nossa vida no Reino de Deus. Muitas pessoas experimentam realidades do Reino, vivem um tempo de comunhão profunda, singela e especial com Deus, e depois começam a se distanciar disto, mas acham que continuam vivendo com Deus da mesma maneira que viviam antes. Será?

É nesse ponto que se desenvolve o que chamo de "apatia espiritual". É quando uma pessoa já não se importa mais com a pérola de maior valor, já não está mais entusiasmada com o Reino de Deus, nem encantada com o Rei desse reino, mas porque está perto do Reino, ou já tenha vivido algumas realidades nele, acha que está tudo bem.

Não se engane, há muito mais pessoas assim do que você possa imaginar! Será que você não é uma delas? Como saber? Tenho pensado nisso, primeiramente para uma sondagem pessoal, em meu próprio coração, a fim de que eu possa estar garantido de que não estou nessa trajetória. Faço isso porque uma das coisas que sempre me deixaram intrigado é como pessoas que servem a Deus com tanto afinco, experimentam realidades tão poderosas, são usadas de modo tão especial, de repente abandonam tudo.

Depois de muito pensar e meditar sobre isso, com a preocupação pessoal de não ser um desses que caem nessa armadilha, cheguei a conclusão de que nada acontece "de repente". Na verdade existe um caminho que vamos trilhando que nos conduz a essa queda brusca, mas que não é abrupta, pois é consequência de termos chegado a este estado de apatia espiritual.

Deixe-me compartilhar o ciclo do caminho com você, pelo menos, como eu o tenho percebido:

1. Indiferença. O processo começa com uma pequena indiferença em nosso coração para com o que Deus está fazendo. Um desinteresse em estar envolvido com a vida da Comunidade, com relacionamentos significativos, em participar de encontros, em desenvolver disciplinas espirituais básicas.
2. Isolamento. Em seguida vem o isolamento, que é o passo seguinte que concretiza externamente o que já vai sendo sentido no coração. Começamos a evitar encontros, faltamos de reuniões por qualquer motivo, e sempre achamos que temos uma razão adequada para isso, começamos a evitar as pessoas que sabemos que nos amam, mas que estão comprometidas com Deus e desejam nos ver apaixonados por eles também. Quando encontramos com essas pessoas nos esforçamos o máximo para evitar conversar espirituais, focamos nossa atenção no que trivial.
3. Ignorância. O próximo passo nesse caminho é a ignorância para com as coisas do Reino. É incrível, mas pessoas que conhecem a Deus, que já experimentaram tantas realidades significativas, começam a ficar entorpecidas quanto a presença de Deus e seu mover. Não é uma ignorância teórica, na verdade a pessoa pode até continuar fazendo algumas coisas como sempre fez, por exemplo, liderar um tempo de louvor, ou dar aulas, ou liderar um grupo, pois a teoria está lá. É uma ignorância relacional, experimental, existencial. Ignorância da presença de Deus, da voz do Pai, de perceber o que o Espírito Santo está fazendo e nos chamando para fazer com ele.
4. Insatisfação. Ai vem o último e derradeiro passo antes da queda. É quando a pessoa começa a ficar insatisfeita com o Reino de Deus. Quando Deus já não é mais o prazer para o seu coração. Quando já não se deseja mais dizer, do fundo da alma, como Davi nos Salmo 63.1 "a minha alma tem sede de ti"; "o teu amor é melhor do que a vida!" (v.3). Quando começamos a desejar outras coisas e o Reino já não é mais a "pérola de maior valor", onde o brilho do Reino começa a ser ofuscado pelas pequenas luzes do mundo.
Ai chegamos no que Paulo disse a respeito de Demas: "pois Demas, amando este mundo, abandonou-me e foi para Tessalônica". Que triste! Que lamentável!

Espero que esse texto possa ajudar você a fazer uma constante e contínua avaliação de sua vida, assim como tenho procurado fazer da minha, para que você se mantenha sempre no Caminho.

Forte abraço.

Um comentário:

Susy MPC disse...

Tb fico inconformada com isso, principalmente qdo se trata de pessoas que estão tão próximas emocionalmente da gente, pq nós não podemos fazer nada para tirá-las disso além de pedir a misericórdia de Deus sobre a vida delas. E claro que a primeira pessoa pra quem peço a misericórdia de Deus pra que não se afaste dele de forma alguma, sou eu mesma, muito pelo contrário, sinto que estou sempre aquem do que gostaria de ter com Deus. Bem que Deus nos ajude a todos!