terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma nova atitude para com sigo mesmo


Vivemos em uma sociedade extremamente acelerada. Isso faz com que a vida passe muito rápida diante de nossos olhos.
As demandas de sermos bem sucedidos, conforme o padrão de nosso mundo contemporâneo, exige de nós, muitas vezes, o sacrifício do que é essencial em nome do que é urgente.
Como já dizia Cazuza: “O tempo não para, não para, não. O tempo não para.”
Tal realidade faz com que no nosso viver diário nos sintamos como um balão de ar que vai murchando aos poucos. Vamos tentando responder as demandas e expectativas que estão ao nosso redor, mas se não cuidarmos do nosso próprio coração, o resultado final é que murcharemos completamente.
Como é que podemos mudar nossas posturas? O que é que podemos fazer para que nosso coração esteja cheio de vida e tenha o que compartilhar com aqueles que estão ao nosso redor?
Muitas podem ser as respostas para esta questão, mas, no meu entender, existe uma que é a base para tudo o mais poder se desenvolver. Precisamos aprender a escutar a Deus.
Precisamos aprender a desenvolver uma nova atitude interior que nos capacitará a lidar com a vida de uma maneira completamente nova e diferente do que nossa cultura pós-moderna propõe.
Como é que desenvolvemos esta atitude? Como é que aprendemos a escutar a Deus?
Vamos olhar para um encontro de Jesus que é registrado em Lucas 10.38-42 para aprender com ele como é que podemos mudar nossa atitude interior e construir uma nova postura em nossa vida:
“Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! Respondeu o Senhor: Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”

I.               ESCOLHA OUVIR

Às vezes achamos que Deus fala com algumas pessoas, mas não fala com outras. Isso não é verdade.
Assim como estamos cercados de ondas de comunicação, mas que só podem ser captadas se nos sintonizarmos a elas, existe também uma continua comunicação de Deus sendo feita o tempo todo, mas só podemos escutar se nos conectarmos a ela.
Assim como Marta, vivemos ocupados e tomados por tantas coisas importantes que sem perceber deixamos de lado coisas essenciais.
Marta recebe Jesus e seus discípulos em sua casa e, como uma boa anfitriã, ela está preocupada em fazer o melhor para seus hospedes.
Maria, por outro lado, é tomada de admiração por Jesus e percebe a grande oportunidade que estava diante dela. Aquele Rabi era procurado por muitas pessoas, geralmente falava para multidões, mas, de repente ela se vê diante dele. E ele está ensinando alguma coisa para seus discípulos.
Embora houvesse muito a ser feito, Maria, é cativada pelas palavras de Jesus e pára para ouvi-lo. Em outras palavras ela escolhe ouvir. Ela se sintoniza a voz de Jesus e começa a dar atenção a suas palavras.
Se queremos que nossa vida esteja cheia de sabedoria de Deus e plena de sua orientação e direção, então, precisamos fazer como Maria. Precisamos parar de correr procurando realizar as muitas coisas que temos para realizar, por mais importante que elas sejam, e aprender a dar tempo para ouvir a Deus.
Ouvir a Deus é uma escolha. Primeiro precisamos escolher a confiança em Deus no lugar do nosso esforço pessoal.
“Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra.” (Salmo 46.10)
O texto bíblico nos informa que “Marta, porém, estava ocupada com muito serviço.” Não é que o serviço de Marta não fosse importante, a questão é quando o serviço nos tira aquilo que é essencial e prioritário.
Você já reparou que, mesmo crendo em Deus, mesmo sabendo que Jesus Cristo está conosco através de seu Espírito Santo, temos a tendência de nos agitarmos muito para resolver os nossos problemas e nos desgastamos com realidades que Deus poderia nos orientar como e o que fazer com elas, se parássemos de lutar e o ouvíssemos?
Tiago 1.19 nos aconselha:
“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardio para falar e tardios para irar-se.”
Para ouvir a Deus também precisamos escolher amadurecer. Precisamos escolher crescer na nossa maturidade em Jesus Cristo. Isso significa que precisamos deixar de querer uma relação com Deus onde nós exigimos ser o centro das atenções.
O Salmo 131.2 diz o seguinte:
“De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. Sou como uma criança desmamada por sua mãe; a minha alma é como essa criança.”
Quando a criança ainda mama ela exige que a relação com sua mãe seja exclusivamente dela. Já notou como uma criança que ainda mama quando está no colo da mãe fica quietinha, mas quando vai para o colo de outros começa a resmungar? Ou quando ela está no colo de outra pessoa e a mãe se aproxima ela começa a ficar inquieta? Isso porque ela quer a atenção da mãe, e quer a atenção porque quer ser amamentada.
Quando uma criança é desmamada, então, o relacionamento dela com a mãe amadurece, ela começa a se relacionar e a buscar por sua mãe, não mais apenas por aquilo que a mãe tem para dar a ela, seu alimento, mas também por sua presença, amizade. Vai muitas vezes a mãe para dar-lhe sua atenção e carinho. E muitas vezes apenas para usufruir de sua presença.
Assim, se queremos ouvir a Deus é preciso que tenhamos o desejo por sua pessoa, é preciso que estejamos amadurecendo em nossa relação com ele. Caso contrario só iremos a ele na hora que desejarmos “mamar”.
O objetivo de Deus para com cada um de nós é nos conduzir ao amadurecimento para que sejamos pessoas inteiras e integras como Jesus Cristo é.
“O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” (Efésios 4.14-15)
Ouvir é uma escolha. Existe algo que é chamado de “escuta seletiva”. Temos tantas vozes, tanto barulho, tanta agitação que nosso cérebro é capaz de selecionar o que é importante e desejamos ouvir, do que não é importante.
Por exemplo! Quando mudei para casa que moro eu sempre era acordado pelo trem que passava e apitava, fazendo o cachorro que pertence a um dos meus vizinhos uivar. Também, muitas vezes, custava a dormir devido ao latido irritante de uma cachorrinha do meu vizinho.
Com o passar do tempo, no entanto, esses barulhos deixaram de me incomodar. Não porque eles não aconteçam mais, mas porque, meu cérebro os processou como sons que não devo dar atenção, e eles já não me atrapalham mais.
Por outro lado, quando nossos filhos eram pequenos, a Susy era despertada de um sono profundo, na maioria das vezes, pelo menor ruído feito por qualquer um deles, mesmo quando estavam em outro quarto.
Isso é “escuta seletiva”! Como é que você ouve Deus? Infelizmente temos o poder de resistir a voz do Senhor e pode chegar um momento em que ela já não é mais ouvida, ela já “não nos incomoda mais”.

II.             ESCOLHA ODECER

Ouvir é importante, mas em nossa cultura o ouvir não está necessariamente associado a agir de acordo com o que se ouviu.
Mas, na cultura de Maria e Marta, no primeiro século, isso não era assim. Ouvir estaria associado diretamente a decisão de obedecer ou não. Na perspectiva da espiritualidade bíblica, ouvir de Deus e não praticar o que se ouviu é uma tolice.
“Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.” (Tiago 1.22)
Neste texto da visita de Jesus a casa de Marta e Maria há um detalhe que muitas vezes passa desapercebido. O detalhe é a postura de Maria, pois ela não somente escuta o que Jesus tem a dizer, mas está sentada a seus pés escutando.
“Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra.”
Na cultura judaica estar assentado aos pés de um Rabino é se ver e se reconhecer como um discípulo, alguém que decidiu aprender a viver a sua vida com aquela pessoa.
“Então Paulo disse: Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje.” (Atos 22.3)
Ou seja, quando lemos que Maria estava ouvindo Jesus assentada a seus pés, o que a Bíblia está nos dizendo é que ela estava ali se colocando como uma discípula, uma pessoa que tomou a decisão de seguir a Jesus e aprender a viver a sua vida com ele. Aprender a pensar como Jesus pensa, falar o que Jesus fala e fazer o que Jesus faz.
Na cultura de Maria isso era revolucionário, pois mulheres não eram recebidas como discípulas de Rabinos. Contudo, Jesus recebeu Maria. E queria receber Marta também.
“Respondeu o Senhor: Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10.41-42)
E ele também nos aceitou, também quer nos aceitar, também quer nos receber aos seus pés. Este é o motivo que leva Jesus a assumir a cruz. Através da cruz, mediante a sua morte e ressurreição, o Senhor Jesus Cristo nos recebe aos seus pés.
“Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai.” (João 10.14-18)
Mas, para isso, precisamos tomar uma decisão, a mesma decisão que Maria tomou, de nos assentarmos aos pés de Jesus Cristo, de reconhecermos a ele como nosso Senhor e Rei.
Às vezes achamos que precisamos saber mais sobre Deus, conhecer mais da palavra de Deus, e isso é bom, mas como disse Mark Twin, “não é o que eu não entendo da Bíblia que me preocupa, mas o que eu entendo.”
Para que haja uma mudança em nossas atitudes precisamos dar atenção a palavra de Deus e agir de acordo com aquilo que ele nos diz. Há palavras que são objetivas e claras para todos nós que andamos com Jesus Cristo. Ao lermos as Escrituras seremos orientados por elas para agirmos de uma maneira que nossas posturas sejam transformadas.
A medida que respondemos em obediência não apenas somos conduzidos a uma vida melhor, mas também crescemos em nossa amizade com Deus e nos tornamos mais capazes de identificar sua Voz em nosso interior nos orientando em questões e situações mais subjetivas.
“Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.” (João 14.21)
“Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir.” (João 16.13)
Assim, da mesma maneira que Maria se assentou aos pés de Jesus Cristo, nós nos assentamos aos seus pés quando tiramos tempo para nos colocarmos diante das Escrituras com a convicção de que o Espírito Santo está nos instruindo e fazendo a voz de Jesus ecoar através dela.
Quando ouvimos e obedecemos, Deus tem sempre mais para nos dizer. Mas, quando não damos atenção ao que o Espírito Santo tem a nos dizer, mediante as Escrituras, por que é que Deus teria o trabalho de falar mais alguma coisa conosco?

CONCLUSÃO

Ouvir e obedecer a Deus gerará em nós uma nova atitude para com a vida e as pessoas ao nosso redor. Fará com que nos aproximemos cada vez mais de Jesus Cristo e isso gerará uma maior intimidade entre nossas vidas.
O resultado final disto é que a vida de Jesus Cristo que está em nós mediante o Espírito Santo irá fluir através de nós. Portanto, é preciso que mudemos de atitude. Precisamos assumir uma nova atitude para conosco mesmo.
Precisamos mudar de postura para com nossa vida. Não podemos ser controlados pela nossa agenda cheia de compromissos e pela pressão imposta pelas urgência de nossa dia a dia.
Precisamos decidir incluir em nosso dia a dia momentos para parar e dar atenção a Deus, nos sintonizarmos a sua voz para ouvi-la e, então, decidir obedecer aquilo que ele está nos dizendo.
Mude de atitude para com seu tempo com a palavra de Deus diariamente. Inclua em sua agenda de vida um dia para que você possa parar e estabilizar a sua vida e se recolocar nos trilhos uma vez por semana em um tempo de adoração comunitária e ensino das Escrituras.


Um comentário:

Unknown disse...

amém... um humilde casal de discipulos foi grandemente abençoados e desafiados através DA PALAVRA DO NOSSO CRIADOR! PAZ SEJA COM A IGREJA DO CRISTO!