quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Peregrinos, místicos e missionais

Olá pessoal!

Como diz o meu filho Yuri, sei lá se alguém tem lido meus posts, a sensação que tenho é que só eu leio o que eu mesmo escrevo, pois existe um silêncio absoluto da parte de todos.... Mas, este é um espaço para minhas reflexões, que espero ajudem outros, principalmente aqueles que estão a procura de uma reconexão com sua espiritualidade e vida a Deus.

Acredito que para experimentarmos a Deus, conhecê-lo como ele quer ser conhecido, precisamos acolher três realidades: a peregrinação, a mística e a missão.

Na peregrinação é preciso compreender que nossa vida com Deus não se dá em um ambiente religioso, mas no contexto de nossa existência, o que inclui estes ambientes, mas vai além deles. O grande problema, no meu ponto de vista, com a vida de muitos daqueles que se afirmam ser cristãos (protestantes, evangélicos, ortodoxos, católicos, etc.) é que olham para esta afirmação como sendo a referência de uma área especifica de suas vidas. Quando dizem isto o que estão dizendo é que fazem parte de uma agremiação religiosa (já sei ofendi alguns), ou denominação e que frequentam algumas reuniões e participam de algumas atividades, onde procuram demonstrar sua qualidade moral (pura hipocrisia), mas depois que saem dali vão cuidar de suas vidas como se tudo aquilo não tivesse nada a ver com o restante de suas ações. Para não falar daqueles que mesmo dentro deste contexto, continuam agindo com total parcialidade em relação ao que professam crer em sua própria vida religiosa. Se queremos experimentar a Deus é preciso compreender que ele é alguém que se encontra conosco no todo da nossa vida, e quer ser visto e achado por nós ai. Isto é peregrinação. A nossa vida com Deus acontece enquanto vamos vivendo a nossa vida diária: treino, mercado, passear com o cachorro, cuidar das crianças, trabalhar, gastar dinheiro, ler um livro, ir ao cinema, e até indo as "reuniões da igreja".

O segundo elemento a se considerar é a mística. Esta é uma palavra que assusta muitos, talvez a maioria, dos religiosos evangélicos, porque quando a lemos ou ouvimos, logo pensamos em misticismo, mas a mística é o elemento relacionado ao mistério do Reino de Deus que já está entre nós. Todo o texto bíblico é místico. A Bíblia é um texto que nos convida a trazer nossa vida, nosso mundo, nosso ordinário, para dentro do mundo extraordinário da presença de Deus. Como somos "filhotes do Iluminismo" e nossa maneira de refletir o cristianismo (que é a vida de Jesus cristo, ou pelo menos deveria ser, em nós) é reduzida a compreensão proposicionais da nossa fé. Ou seja, se temos a doutrina correta, então temos Deus. Mas quando lemos as Escrituras, principalmente os Evangelhos, vemos que aqueles que tinham as doutrinas corretas na época de Jesus não foram, necessariamente, aqueles que se relacionaram com ele. A verdade é que a Bíblia, bem como a tradição da espiritualidade clássica, nos mostra que a vida com Deus é isto, "vida com". Deus é uma pessoa, que vive em uma comunidade trinitária, e que nos criou para viver como parte desta comunidade. Não é suficiente saber sobre ele, é preciso experimenta-lo. É preciso estar ligado a vida dele, e isto não tem a ver apenas com saber que Jesus morreu na cruz e agora estamos com Deus, mas em viver a vida de Deus, através de seu Espírito Santo em nós. O que nos conduz para a mística. Através das disciplinas espirituais vamos treinando o nosso ser para estar consciente da presença de Deus em nós e para respondermos a sua ação e interação com o nosso ser, em nossa peregrinação.

O último elemento é a missão. A mística sem missão nos torna pessoas ufanadas. Pessoas que vivem fora da realidade e fora da conexão com nossa sociedade. Olhar para a vida de Jesus, e para os demais homens e mulheres descritos nas histórias bíblicas, bem como contemplar a vida de homens e mulheres que realmente andaram com Deus de modo intimo e singular ao longo da história, vai nos mostrar com clareza que a nossa relação com Deus inclui o outro. É na dimensão da missão que não vivemos a vida com Deus para nós mesmos, mas para abençoar outros. É o exemplo que Jesus dá da videira e os ramos. O ramo está ligado a videira (mística), mas este ramo ligado a videira dá fruto, e muito fruto (missão), pois se isto não acontecer o agricultor o corta e lança fora. Ou seja, a vida com Deus não é para que nos orgulhemos e nem nos sintamos bem. A vida com Deus é a vida de Deus em nós que alcança outros através de nós.

O que anseio de todo o meu coração é isto: quero conhecer a Cristo, experimentar o poder da sua ressurreição, participando de sua missão, enquanto caminho por este mundo em direção a casa de meu Pai.

No Caminho,

2 comentários:

Fran disse...

texto fantástico!!!
e ah... assim como eu disse para o Yuri, vcs não são os únicos que lêem os próprios textos...
eu os leio e sou abençoada por cada um deles!
obrigada por utilizar mais essa ferramenta prá abençoar aqueles que no momento não podem beber água direto da fonte!
bjos...
amo vc!

Anie disse...

Muito massa!
Acompanho o que é postado, mas nem sempre consigo escrever algo... Leio, penso e guardo suas palavras em meu coração... Elas me abençoam muito minha vida!