segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Evangelho: Nossa fundação e formação


Na construção de uma casa o fundamento é o elemento mais importante. Tudo começa pela fundação. Sem uma boa fundação a casa “afunda”. Não adiante ter paredes bonitas, portas trabalhadas, janelas com vitrais, se tudo isso estiver sobre uma má fundação.
Assim também é a nossa vida e em especial a nossa vida no Reino de Deus. Precisamos desenvolver a nossa vida de fé sobre um sólido fundamento. A fundação adequada para nossa vida com Deus é o Evangelho.
“Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói.”(1Coríntios 3.10)
“Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como a pedra angular.” (Efésios 2.19-20)
Essa é uma questão de suma importância porque o que cremos sobre Deus, sobre o Evangelho e sobre nós mesmos irá ser visto em como vivemos e no que fazemos.
Em 1Coríntios 15.1-4 o apostolo Paulo diz: “Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado, segunda as Escrituras; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras.”
Se essa é a mensagem que fundamenta a nossa vida, como, então, essa verdade afeta cada aspecto de nosso viver? Como isso informa e transforma nossas vidas? Como as pessoas com quem nós lidamos, com quem vivemos, estudamos, trabalhamos, são afetadas por essa mensagem em nossa vida?

I. O PONTO DE PARTIDA: A MENSAGEM DO EVANGELHO.
Quando a nossa vida e a vivência de nossa igreja está centrada no Evangelho nós não fazemos a pergunta “o que é que funciona melhor?”. Essa é uma pergunta que tem como pressuposto a nossa cultura contemporânea e não a cultura do Reino de Deus.
Quando o Evangelho é a fundação de nossas vidas a pergunta que fazemos é: “Qual é a melhor forma de nós mostrarmos quem Deus é e o que Ele fez, em e através de Jesus Cristo, de um modo apropriado dentro da cultura em que fomos inseridos?
Como uma igreja fundamentada no Evangelho o nosso objetivo não é o de converter pessoas para nossa igreja. O nosso objetivo é vê-las convertidas a Jesus através do Evangelho para que elas possam SER A IGREJA em missão, que verdadeiramente declara e demonstra o Evangelho na sua totalidade de vida.
Portanto, nosso ponto de partida, nossa fundação, ao pensar em como a nossa igreja deve ser, tem que ser informado pelo Evangelho.

II. ENTENDENDO O EVANGELHO: DUAS PERSPECTIVAS
Quando nós lemos a Bíblia nós podemos fazer isso de duas perspectivas diferentes: A da Teologia Sistemática ou a da Teologia Bíblica.
1.     Sistemática – Na perspectiva sistemática nós somos apresentados a implicação da redenção pessoal do Evangelho. Através desta perspectiva nós entendemos o meio para a salvação, que é o poder do Evangelho (Efésios 2.8-9). Isso nos é apresentado da seguinte forma:
REGENERAÇÃO – JUSTIFICAÇÃO – SANTIFICAÇÃO – GLORIFICAÇÃO
Nesta perspectiva, as Boas Novas são que Deus, em e através da obra de Jesus Cristo e do poder de seu Espírito (regeneração), nos aceita (justificação), e nos transforma (santificação) com o propósito final de glorificar o Seu nome em todos os aspectos de nossa vida (glorificação).
2.     Narrativa – Na perspectiva da teologia bíblica temos a implicação da redenção histórica do Evangelho. É a história das Escrituras. Através dessa perspectiva nós entendemos a razão para a salvação, que é o propósito do Evangelho. (Efésios 2.10, 14-22). Isso nos é apresentado da seguinte forma:
CRIAÇÃO – QUEDA – REDENÇÃO – RESTAURAÇÃO
a) Criação: Gênesis 1 e 2. A beleza da criação original de Deus é descrita neste texto. O mundo como Deus queria que ele fosse, com seres humanos feitos a sua imagem, cheios de importância, valor e dignidade; em perfeito relacionamento com o Criador, uns com os outros e a criação. Bem no fundo, dentro de todos nós, está um desejo de ter esse mundo, como originalmente foi criado para ser. Isso é mostrado em músicas, filmes, livros etc. (Eclesiastes 3.11)
b) Queda: Gênesis 3. A Bíblia claramente reconhece que o homem foi separado de Deus por causa da rebelião de nossos primeiros pais, Adão e Eva, que nos representavam. Dai em diante, o mundo inteiro tem estado em rebelião contra Deus. Em outras palavras, nós vivemos em um mundo quebrado! As coisas não eram para ser assim!
c) Redenção: Gênesis 3 a Apocalipse 19.  Deus, em sua infinita misericórdia e graça, mandou seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, ao mundo. Jesus viveu a vida perfeita que nunca poderíamos viver, e morreu a morte que nós todos merecemos. Ele levou a nossa punição, para que, crendo nele, nós pudéssemos estar num relacionamento correto com Deus. Crer em sua vida literal, em sua morte e ressurreição, e entregar nossas vidas a Jesus, é o único meio para a salvação.
d) Restauração: Apocalipse 21 e 22. Um dia Jesus voltará para estabelecer COMPLETAMENTE seu Reino e seu domínio. Nesse momento ele trará um novo céu e uma nova terra. Haverá um julgamento final, consumador, onde Jesus corrigirá todo o mundo. Até esse tempo, aqueles que já crêem nele, são seus agentes para o bem e para a mudança neste mundo em que vivemos.
Assim, precisamos entender que Deus, em Jesus Cristo, nos deu tanto a MESNSAGEM de reconciliação (o poder do Evangelho), quanto o MINISTÉRIO da reconciliação (o propósito do Evangelho).
A questão que precisamos entender é que não podemos optar por um em detrimento do outro. Quando fazemos isso deixamos de apresentar o Evangelho como a fundamentação para a vida. O que acontece se nós ensinarmos somente o meio para a salvação e não a razão para a salvação?

III. A RAZÃO PARA MANTERMOS A UNIÃO ENTRE AS DUAS PERSPECTIVAS
Precisamos conhecer e ensinar as duas perspectivas do Evangelho: a perspectiva do seu poder (regeneração-justificação-santificação-glorificação) e a perspectiva do seu propósito (criação-queda-redenção-restauração), porque somente assim é que temos o fundamento do Evangelho, pois a junção dos dois é que nos apresenta a história de Deus.
Quando nós entendemos e ensinamos tanto o poder do Evangelho como o propósito do Evangelho, conectamos a vida das pessoas a grande história da redenção, que se desdobra através da História. Isso dá significado e propósito para a vida das pessoas.
Se focarmos somente na obra do Evangelho (o poder do Evangelho: o que Jesus fez), mas não soubermos a história do Evangelho (o propósito do Evangelho: o que Jesus está fazendo através da igreja, da vida das pessoas que se rendem a ele), tenderemos a um evangelho que é somente sobre salvar indivíduos de seus problemas e perderemos a missão do Evangelho, que é sobre salvar pessoas para um propósito.
Um dos problemas com a maneira de se apresentar o Evangelho hoje é que nos esquecemos que é Deus quem está no centro da palavra do Evangelho. Muitas vezes o nosso evangelismo coloca o ser humano no centro. Quando o ser humano é o centro, então o Evangelho vira uma mensagem sobre como Jesus existe para resolver meus problemas e suprir as minhas necessidades. Mas, o Evangelho que Jesus proclamou é sobre Deus exercitando o seu objetivo de nos da a vida através do seu Filho, para a sua glória.
Se focarmos somente no poder do Evangelho, e perdermos a dimensão de seu propósito, tenderemos a produzir “Cristãos Consumidores” ao invés de “Cristãos Missionais”. A “igreja consumidora” é aquela que prove bens e serviços religiosos. As pessoas vem a igreja para serem “alimentadas”, para terem suas necessidades sanadas e seus problemas resolvidos através de programas de qualidade, e para ter os “profissionais da fé” ensinando seus filhos sobre Deus. O resultado final disso são clientes, pessoas que dizem “eu vou a igreja”.
Já a “igreja missional” é aquela que tem um corpo de pessoas que são enviadas em missão ao mundo, que se reúnem em comunidades para celebrar a graça, a bondade e a glória de Deus; que dedicam-se a cuidar uns dos outros e de carregar as cargas uns dos outros, contribuindo para o propósito do Evangelho na vida do outro. O resultado final disso são servos, pessoas que dizem “nós somos a Igreja”.
Por outro lado, se focarmos somente na história do Evangelho, mas perdermos a obra do Evangelho, tenderemos a focar nas obras do homem sem o poder de Deus (crendo que depende de nós a tarefa de mudar o mundo, e que seremos mais aceitáveis e significantes para Deus se estivermos fazendo mais), o fardo fica pesado, porque achamos que tudo depende de nós.
Lembre-se: A HISTÓRIA É TODA SOBRE ELE, NÃO SOBRE NÓS!

CONCLUSÃO

Como devemos responder ao Evangelho?
1. Arrependimento: Como é que eu já fiz o Evangelho ser todo sobre mim?
2. Fé: Como eu posso responder ao Evangelho de maneira diferente da que tenho respondido?
3. Obediência: Quais são as áreas de minha vida que eu preciso corrigir e submeter ao Evangelho de maneiras que ele transforme o que eu sinto e como eu me relaciono com os outros e com Deus?

No Caminho,

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